Já disse aqui que considero o Estado como o maior chulo existente em Portugal. Esta característica perversa tem vindo a agravar-se e no futuro será provavelmente ainda pior.
Vou hoje falar de um dos últimos e mais temíveis instrumentos dessa opressão económica, que o Estado exerce sobre os cidadãos e a Economia : a ASAE.
Para quem ainda não conhece (brevemente todos iremos conhecê-la e muitos da pior forma), passo a apresentá-la. A ASAE é uma polícia fiscal, responsável por multar todos aqueles que não cumprirem rigorosamente todo o imenso manancial de regras, especificações e regulamentações várias, dispersos por kilómetros de decretos leis, portarias e despachos, de para aí uns 69 ministérios, secretarias de estado e direcções nacionais e regionais do “raio que o parta”. Para além disso é também responsável por selar e fechar tudo o que não estiver do agrado do poder, ou que não pagar as elevadas multas, decretadas por esse mesmo poder arbitrário e discriminatório . Por outras palavras e para que me entendam perfeitamente é uma espécie de PIDE económica, que não tortura o cidadão através da violência física, mas sim através da falência, do despedimento e do endividamento compulsivo. È pois um instrumento por excelência da pseudo democracia (ou quase ditadura) em que vivemos.
O problema situa-se também no excesso de regulamentação, na floresta de normas e exigências, com que este e anteriores governos armadilharam a economia portuguesa, para assim melhor subjugarem a livre iniciativa de cada um e para satisfazerem os interesses dos grandes capitalistas, dos mega grupos económicos e das grandes multinacionais, já que estes são os únicos que tem dimensão, poder económico e juristas suficientes para conhecerem e se adaptarem á legislação labiríntica, absurda e em permanente mudança.
Assim os pequenos comerciantes, as pequenas empresas, os pescadores, os pequenos agricultores irão um após outro falir, fechar as suas actividades, ou vendê-las e ficarem como assalariados dos grandes e poderosos.
Acredite que não estou a exagerar … e se ainda não teve nenhum “contacto de 3º grau” com os senhores desta polícia, ouça estes dois exemplos, que lhe vou contar, para que assim possa prever o que o espera, por um destes dias.
O primeiro exemplo vem de uma visita que fiz há alguns meses atrás, a uma destilaria artesanal de medronho, perdida nos confins da serra algarvia. O local era muito distante e não havia estrada, apenas um caminho de terra batida, que serpenteava penosamente entre montes e vales desertos, com casas abandonadas, mato por todo o lado e uns poucos velhotes, portugueses abandonados e desprezados a muitos kms e horas de distância do médico mais próximo. Aí, numa velha destilaria, um senhor de avançada idade também, destilava medronho, para assim conseguir mais algum dinheirito, para a sobrevivência, os medicamentos e pouco mais. A quantidade era pequena, os meios eram escassos e faltava o fruto, já que não havia quem o fosse apanhar . Mesmo assim a ASAE atacou ! Durante dias (veio ele a saber mais tarde) vigiou-o com binóculos de um monte afastado, como se fosse um daqueles perigosos terroristas … e na altura que apareceu alguém para comprar umas garrafinhas, apanhou-os com a “mão na massa”, confiscou todo o medronho armazenado em 3 ou 4 cântaros e selou a destilaria, proibindo a entrada. O caso terminou com o velhote a ter que pagar várias centenas de contos, ter que fazer obras (uma casa de banho, imagine-se !!!) na destilaria e a ter que cobrar uns euros em cada garrafa vendida, para engordar o chulo do estado, que o abandonara ali naquele desterro !!!
O segundo exemplo aconteceu há poucos dias em Portimão. Como devem saber, antes das vagas turísticas das últimas décadas, Portimão era um cidade de pescadores. Pouco a pouco a pesca tem vindo a enfraquecer, mas ainda existem muitos pescadores por cá, seja da pesca artesanal, seja da pesca em traineiras e arrastões. Aqui há uns anos, as conveniências do turismo empurraram a lota e os pescadores para a outra margem do Rio Arade, onde foi construída uma lota moderna e um novo porto de pesca. Agora e como o turismo continua a crescer o espaço ocupado por essa lota e porto começou a ser cobiçado e existem já planos para construir uma enorme marina, com respectivos equipamentos hoteleiros, que irá ocupar todo o espaço disponível nessa margem do Rio Arade, desde a ponte velha de Portimão, até Ferragudo.
Mas há um problema: então e os pescadores ?
Como não se pode exterminá-los, aparece agora um plano diabólico, para resolver o problema, e é aqui que entra a ASAE, como irão ver a seguir.
Num anterior fim de semana, dezenas de agentes desta polícia desembarcaram em Portimão, fizeram-se ao mar e multaram e apresaram todos os arrastões de pesca sedeados nesta cidade (a única excepção foi um arrastão espanhol, segundo parece). Motivo: falta de higiene !!!
Assim todos os barcos estão em terra, os pescadores no desemprego e os armadores se quiserem retomar a actividade terão que pagar ao chulo do estado, pesadas multas … ficando sujeitos a futuras novas fiscalizações e provavelmente a mais multas …
Assim e seguindo a mesma táctica com outros barcos, brevemente todos os barcos irão parar e então aí já não haverá necessidade de ter uma lota e um porto de pesca em Portimão, ficando assim o espaço livre para a futura marina e respectivos hotéis .
Macabro não acham ?
Porque é que ASAE não começa por fiscalizar o funcionamento dos organismos do próprio Estado ?
Conheço cantinas, sem condições de higiene, conheço hospitais e centros de saúde com casas de banho fedorentas, enfermarias onde os micróbios e bactérias fazem férias todos os anos, gabinetes, escolas e repartições onde os computadores funcionam à base de software pirata, carros do estado que circulam sem seguro, nem inspecções, etc, etc …
Por isso e para terminar, vá-se preparando para um provável encontro futuro com esta Pide disfarçada, saiba que dê por onde der, eles vão encontrar sempre qualquer coisa para o tramar !.... Afinal de contas, você está vivo e respira !!! Não tem vergonha de andar a consumir o oxigénio que resta neste planeta ? ….
Aí, aí ….. tem que pagar !!!