quinta-feira, fevereiro 02, 2006

O Poder dos "media"

Neste princípio de século XXI é fácil constatar o enorme poder dos “media” e a sua exagerada influência na nossa sociedade.
No entanto eles não parecem estar satisfeitos e ambicionam ainda mais, numa espiral de crescimento desenfreada, consequência em parte da sua quase total impunidade.
Dois acontecimentos recentes reforçam esta ideia e mostram como são eles o verdadeiro “Big Brother”, de que falava George Orwell.
A uma escala local, mais provinciana, mas igualmente sintomática, registou-se nos últimos dias uma “tentativa” de casamento de duas mulheres, que agitou a calmaria deste “jardim à beira mar plantado”.
Devo para já dizer (antes que me caiam em cima), que nada tenho contra as lésbicas, nem contra os homossexuais. Conheci vários, alguns são até meus amigos e respeito-os, na mesma medida em que eles me respeitam a mim. Mas, atenção, uma coisa são os direitos das pessoas, a escolherem livremente os seus parceiros sexuais e outra é o “folclore” inerente a esta pseudo-notícia.
Se não fosse todo o destaque e o histerismo associado, que os “media” lhe deram, nada disto passaria de alguma simples nota de rodapé, na página 35 do jornal da manhã. Assim, com a ajuda de dezenas de jornalistas, portugueses e estrangeiros, operadores de televisão e enviados especiais, transformou-se num genial golpe publicitário, que deu a estas jovens e ao seu advogado pato-bravo, um protagonismo enorme, que as retirou do anonimato e irá certamente transformar as suas vidas.
Nasceram repentinamente duas heroínas, que se desdobram em entrevistas a órgãos de informação e são as mais recentes estrelas do jet-set nacional. Nasceu um advogado para causas homossexuais, que irá facturar brutalmente nos próximos anos. Os jornais venderam à brava e as televisões garantiram mais umas chorudas audiências.
Daqui por uns dias, a poeira há-de assentar, as moças continuarão a viver juntas com dantes e voltaremos à nacional parvalheira, até que novo escândalo se anuncie.
O outro acontecimento, este de bem maior gravidade, sucedeu lá fora, na modelar Dinamarca e consistiu no seguinte: um jornal sensacionalista, provavelmente á beira do abismo, resolveu dar um passo em frente e agitar estupidamente as já de si complexas e sensíveis, relações entre o Ocidente e os países árabes.
Para isso publicou umas caricaturas de Maomé, de conteúdo claramente racista e provocatório, mostrando-o como um bombista sanguinário e cruel. Aparentemente nada de especial, para nós Ocidentais, que estamos habituados a ver e a ouvir quase tudo, mas é preciso chamar a atenção para o facto de que na religião muçulmana, são proibidas qualquer representação gráfica de Deus.
Concorde-se ou não, acredite-se ou não, o que é certo é que é da mais suprema bestialidade, deitar desta forma mais achas para a fogueira das Religiões, que arde em lume constante, há séculos … e isto a coberto de uma pretensa liberdade de informação, que esquece a mais elementar regra: a de que a nossa liberdade termina, no ponto em que pisamos a liberdade dos outros … ou seja, por outras palavras, a nossa liberdade, não pode valer mais do que a liberdade de qualquer outro ser, deste planeta globalizado.
No fundo é como uma recriação do velho discurso, colonial e racista, que defendia a superioridade rácica e a supremacia do Ocidental, sobre o Etíope, o Argelino ou o Sudanês.
Para vender mais jornais e salvar um jornalismo abjecto, pôs-se em risco a paz mundial e contribui-se para a morte de várias pessoas, reféns desta impunidade e deste poder excessivo dos media.
Já não nos bastava a chegada do partido bombista ao poder na Palestina, a emergência de um neo-nazi na presidência do Irão, faltava-nos estes estúpidos “aliados” ocidentais, a criarem mais confusão e ruído … que tornam cada vez mais distante e difícil a essencial caminhada para a paz e o respeito entre os povos !!!
Enquanto isso o governo liberal Dinamarquês não compreendeu a armadilha, que lhe estavam a criar, hesitou e nada fez, agravando a cada dia que passa o problema e esperando cada vez mais desesperado, pelo aparecimento de mais algum “bombeiro”, que consiga apagar mais uma vez, este estúpido incêndio religioso e cultural.

Os “media” fazem as guerras, porque elas lhes dão jeito … estimulam a violência e os instintos básicos do bicho-homem, quando lhes convém … criam heróis e anti-heróis … constroem e destroem a História, ao sabor dos seus interesses.
A Informação é necessária e importante ! o Excesso de Informação é perigoso e viciante ! e a Ética é uma bola de pingue-pongue, cada vez mais louca !...

8 Comments:

Blogger Celia Luz said...

"...a nossa liberdade termina, no ponto em que pisamos a liberdade dos outros … ou seja, por outras palavras, a nossa liberdade, não pode valer mais do que a liberdade de qualquer outro ser..."
Com esta frase disseste tudo aquilo em que sempre acreditei. De facto é triste ver que o Mundo anda em Guerra por todo o lado e com todas as armas possiveis...

6/2/06 18:36  
Anonymous Anónimo said...

Amigo João!
Estou em franco desacordo contigo. É certo que "liberdade" é um conceito que se refere a uma realidade que só conhecemos parcialmente, através das várias liberdades que as constituições nos outorgam (liberdadae... de expressão, de associação, etc, etc...); é certo que o calendário islâmico tem 600 anos de diferença face ao nosso e que o mundo "deles" não teve uma revolução que acabasse de vez com o direito divino dos monarcas e que separasse o trono do altar... Mas entendo que no mundo relativamente livre em que vivemos, publicarem-se nos jornais uns cartoons a ridicularizar o profeta e a sua religião é coisa banal - como sempre se fez com o Papa, com a padralhada em geral e, claro, com os políticos. Lamento, pois, ver uma Dinamarca e uma Europa curvadas, de joelhos a pedir desculpa a uma turba de assassinos e degoladores de mulheres. Desculpa? Por quê????Parece-me humilhante daquilo que de mais sagrado temos nestas paragens: o direito de usarmos os jornais para escrevermos o que nos apetecer e brincarmos com quem nos apetecer. A susceptibilidade dos fanáticos considera um insulto aquilo que à maior parte dos europeus parecerá banal. Como o Papa com uma camisa-de-vénus no nariz: viste os irlandeses ou os polacos a destruirem embaixadas? Esta liberdade termina onde começa a dos outros é verdade. Mas neste caso, entendo que os outros que fiquem com a liberdade deles e não nos venham chatear. Não querem vender petróleo? não têm eles o regime mais abjecto e nojento do planeta no país a quem todas as nações prestam vassalagem? É lá que está Meca, onde os fiéis se vão espezinhar uns aos outros todos os anos. Pois sabes do que eu gostaria mesmo? Que por cada europeu morto às mãos de assassinos degoladores houvesse uma turba de gente a incendiar-lhes as mesquitas aqui na Europa; que os seus mullahs e ullemas fossem recambiados para a terra dos Sauds e que todos os que cometessem qualquer crime em nome do tal allah que fossem fuzilados como cães raivosos que são e que, se reagissem com mais violência, levassem com um míssil termonuclear em Meca. Barbárie total! Aniquilem-se os fanáticos Ardam no inferno, suas bestas de Maomé! Islão significa Paz!!! E os nossos governantes consentem este espectáculo triste: manifestações a pedir desculpa...
Que os autores dos cartoons já estão a entrar na clandestinidade sabe-se!... Lembras-te de Salman Rushdie? Lembras-te do pobre cineasta holandês que o mundo já esqueceu? Teremos nós, europeus, que nos humilhar perante estados bárbaros e turbas inflamadas de assassinos? Incrível: até o Clinton veio condenar a publicação das caricaturas... Americanos de merda! Onde está a Santa liberdade, seus bandidos? A culpa é vossa, que foram levar a guerra onde ela não fazia falta! Porque é que não declararam guerra à China após Tiananmen? Porque é que continuam a sustentar a merda do estado-sionista - a última colónia europeia no médio-oriente? O Hamas ganhou e vocês preocupam-se? Deixem-me rir! Foram os judeus que inventaram o Hamas para lixarem a OLP! Entretanto, a Europa treme, recheada de muçulmanos por todo o seu aparelho produtivo. A França treme. Todos tremem perante as imagens da barbárie. A jovem jornalista aparecerá vendada, a chorar, pedindo ao seu país que liberte os árabes presos. Não seria a primeira a ser degolada em directo.
Cristãos, judeus e muçulmanos: as 3 religiões do livro são religiões baseadas no extermínio colectivo, no crime e na violência. E a ignorância é a madre de todos eles. Vamos ajudá-los a ir para o céu ao encontro das virgens! Vamos martirizá-los de uma vez por todas: à bomba!!! Mas pedir desculpa, NÃO!!!
C.Marley (raivoso, hoje)

7/2/06 14:17  
Blogger Unknown said...

Amigo Chico
Pensei um pouco antes de responder ao teu comentário e vou tentar ser o mais suave possível.
Primeiro que tudo quero-te dizer que acho salutar, que amigos tenham divergências de opiniões, é essa a essência da democracia e da liberdade de expressão.
Fiquei muito supreendido com a fúria do teu comentário. Nele vi muito ódio e rancor.
Eu sou pela paz e pelo respeito entre os povos. Abomino guerras e sou totalmente contra a violência.
Por isso sou contra o incêndio de embaixadas e o sequestro de refens, da mesma forma que sou contra aquela tua ideia de lançar um bomba atómica sobre Meca (estarias disponível para seres tu a carregar no botão ?).
Como sabes conheço um pouco do mundo árabe e tenho lá amigos mulçulmanos, que prezo e respeito, apesar de terem convicções diferentes das minhas.
Por isso peço-te para tentares ver tudo isto, na perspectiva deles.
Durante séculos os europeus colonizaram-nos, extrairam as suas riquezas e tentaram impor a sua religião (católica). Depois conquistaram a sua independência, tentaram governar-se sózinhos, num mundo dominado pelo Ocidente, que lhes dizia que precisava do seu petróleo, mas não gostava deles.
Mais tarde após a guerra, o Ocidente impôs-lhes os Judeus na Palestina, obrigando à deportação de milhões, para que os judeus pudessem ter a sua Terra Prometida.
Recentemente os cowboys americanos, invadiram o Iraque, sobre o pretexto falso de que tinham armas de destruição maçissa e mataram milhares de iraquianos, para terem acesso ao seu petróleo.
Agora, ainda por cima, gozam com o seu profeta, chamando-lhe bombista, terrorista e pedófilo.
Como será que eles se devem sentir ? Eu creio que a maioria, não concordará com a violência, os incêndios de embaixadas e o rapto de ocidentais.
Mas alguns fazem-no, espicaçados por mentes raivosas e cheias de ódio.
O ódio é mau, tens dúvidas ?
A guerra é péssima e normalmente não resolve nada.
Por favor, não vamos voltar ao tempo das cruzadas!
Nasceste em Portugal, Chico. Podias ter nascido em qualquer destes países árabes ! O que pensarias então ?
Eu prefiro viver em Portugal, com todas as suas limitações e problemas, mas se tivesse nascido noutro país será que tinha direito de escolha.
Por isso te digo Chico, não, não peço desculpa, mas perante um ultraje teria que reagir.
Aí teria duas possibilidades à escolha: ou esperava o filho da puta e dáva-lhe duas facadas, ou tentaria conter a minha raiva e punha-lhe um processo em tribunal, nem que o processo fosse julgado daqui a 10 anos.
Como sou pela paz e contra a violência, escolheria a 2ª hipótese.
Um abraço e espero que não me leves a mal.

7/2/06 22:04  
Anonymous Anónimo said...

olá joão e Chico, isto vai atrasado, mas espero que ainda a tempo de lerem.
Pois é, a liberdade de expressão pode ser sagrada, mas fazer uma guerra em seu nome??? quem diria o antigo objector de consciência, Chico M., a defender vinganças e ataques à bomba. Sou a favor da LIBERDADE, sim, e da PAZ também. Não temos que pedir desculpa pela nossa cultura, mas publicar peças como os recentes cartoons no momento presente, é como atirar achas para a fogueira, uma provocação com muitos riscos... Mas caramba, guerras é o contrário de AMOR, é isso que queres ensinar à tua filha, Chico?
Bjinhos, paula ((( : )

14/2/06 17:54  
Anonymous Anónimo said...

Ó João, este teu amigo que aqui vem vomitar toneladas de ódio, não será o Le Pen disfarçado de Chico?

Caro Chico, a certa altura da sua verborreia deparo-me com esta pérola "... aquilo que de mais sagrado temos nestas paragens: o direito de usarmos os jornais para escrevermos o que nos apetecer e brincarmos com quem nos apetecer."

Muito bem! Vamos então supôr que eu sou jornalista e que ao conhecer as suas ideias ultra-racistas e a sua aversão ao respeito por outras culturas, me lembro de utilizar a minha "liberdade de expressão" para escrever no meu jornal "aquilo que me apetecer" e então escrevo um artigo bombástico em que denuncio perante a sociedade todas as atrocidades que você propõe para resolver o conflito entre ocidentais e muçulmanos. Como tenho (segundo o seu conceito de liberdade) liberdade para dizer e fazer o que quiser posso então enxovalhar toda a sua família começando por lhe chamar um real filho da p... que quer impôr a paz através da guerra!

E depois caro Chico? O que me diz a isto? Já estou a ver a sua cara de contente e o seu ar de total satisfação e regozijo perante tamanho insulto. Seria essa a sua reação? Contentamento, alegria, orgulho!?

Por haver pessoas como você é que este estado de guerra permanente perdurará por muitos e muitos anos, sem solução à vista! Vocês não querem paz, não querem concórdia, não querem soluções! Pessoas como você, Le Pen, Bush, Pinochet e tantos outros ditadores só estão á espera da mais pequena faisca para tentar "apagá-la" com litros e litros de gasolina.

Consulte um psicólogo, um psiquiatra, ou alguém que consiga pôr alguma ordem nessas ideias de merda. Isso faz-lhe mal! Todo esse ódio é pior que o tabaco! Vá ao médico! Trate-se!

16/2/06 03:29  
Anonymous Anónimo said...

Basta Pum Basta! Ideias de merda é um mimo jeitoso que te retribuo ó lambisgóia! O problema das bestas religiosas e de bestas como tu é idêntico: confundem o exercício da liberdade de expressão com insultos pessoais. Neste ponto não me resta mais do que dizer-te que é por causa de gente como tu que a estupidez não desaparece do mundo.
C.Marley

21/2/06 15:54  
Anonymous Anónimo said...

Eh pa, eu já não via um post assim tão bom como o teu !
Isto esta muito bom, parabéns !

1/10/07 22:13  
Anonymous Anónimo said...

so vos digo uma coisa, leião os vossos comentários todos de novo e vejam como é fácil uma pequena discussão de ideias se transformar numa grand guerra. Ambos tiveram razão no que disseram, sem liberdade de expressão não vams a lado nenhum, continuamos escravos de preconceitos e ideias perfeitamente idiotas e ultrapassadas. Ainda no outro dia vi no jornal que o governo turco keria proibir as mulheres de usar perfume qdo saiem, e que deviam tapar o corpo todo com vestidos compridos! Enfim realmente axo k maomé vai mmo mandá-las po céu por nao terem usado perfume nas ruas lolol. Bom mas continuando o meu raciocinio devo dizer k os nossos media tb abusam mto, ja nem se comparam cm o jornalismo dos anos 80 ou 90, agora so pensão nas sondagens, gostao de criar confusão. Basta falar do k acnteceu a uns anos atras qdo houve uma série de assaltos, e que ate houve um arrastao numa praia k foi feito por pretos. E voces neste momento perguntam-se qual o mal dixo... bem paxado uns dias houve logo uma manifestação de skineds a exigir k os pretos e estrangeiros se foxem embora pk so faziam merda, e um amigo foi espancado por ser preto!
A verdade ék em todo o mundo as pexoas sao influenciadas pelos media, as suas informações sao consideradas verdades incontestáveis, e basta um pequeno comentário ou umas imagens algo distursidas pa mudar a noxa opinião sobre determinado assunto. A k haver moderação, ter alguma calma e respeito quando se da uma noticia que milhoes de pexoas vao ver...

3/6/08 16:01  

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