sexta-feira, fevereiro 24, 2006

A Cura (8ªparte)

Quando aterrou finalmente no aeroporto de Helsínquia, Portugal desesperado, só pensava em encontrar um sítio onde pudesse fumar um cigarrinho.
Durante a viagem, aquele maldito vício tinha-o impedido de gozar plenamente aquela sua primeira vez num avião. Pensou até em ir fumar para a casa de banho, mas foi desaconselhado de o fazer pelo sujeito do banco a seu lado, já experimentado em viagens aéreas e que lhe dissera que se o fizesse começava a apitar uma sirene e podia até ir preso.
Malditas modernices, pensara ele roendo as unhas ansioso, lá na minha terra fumava-se em todo o lado, até na última fila lá do autocarro da Rodoviária, apesar da proibição, que o motorista não ligava, pois tinha mais com que se chatear.
Olhou para todos os lados, já desesperado e só via letreiros com o sinal de proibido e um cigarro no meio. Felizmente passou por ele o seu vizinho do avião, que lhe indicou apressadamente onde poderia fumar.
Para lá foi, era um cubículo de vidro, no meio de uma sala enorme do aeroporto, com um nevoeiro bem espesso no seu interior.
Entrou e acendeu finalmente o cigarrinho, deu dois bafos bem profundos e olhou em redor. Á sua volta meia dúzia de pessoas fumavam aceleradamente, com ar desconfiado. Sentiu-se como um peixe raro, num aquário e reparou que do lado de fora os restantes viajantes o miravam com expressões que variavam entre a reprovação e o gozo.
Despachou-se daquilo depressa e lá saiu daquela prisão de vidro, desejoso de encontrar a mala e sair dali para fora.
O aeroporto era enorme e milhares de seres com roupas estranhas, de cores esquisitas, circulavam apressadamente em todas as direcções.
Dirigiu-se a um gigante louro com uniforme de polícia, com ascultadores nos ouvidos e microfone na boca e perguntou-lhe pela mala. O homem olhou para ele e disse qualquer coisa, numa qualquer língua esquisita. Não percebeu patavina. Que raio, então estes gajos não falam português ?
Por sorte reparou que atrás do tal polícia louro, estava um sinal com uma mala, que tinha uma seta que apontava para a direita.
Esperto como era, seguiu a seta e mais á frente estava outra e depois mais outra, até que chegou a uma enorme sala, onde umas largas dezenas de pessoas olhavam para um tapete metálico, que girava sem parar, como uma pista de automóveis, daquelas de brinquedo, mas sem automóveis.
De repente de uma das entradas da pista em vez de automóveis miniatura, começaram a sair malas, que rolavam por aí fora. De vez em quando alguma daquelas pessoas dava um gritinho de satisfação e puxava por uma daquelas malas para fora da pista, pousava-as num carrinho metálico e saía dali para fora.
Ao fim de algum tempo de espera, lá viu a sua, uma mala vermelha (a cor do seu Benfica) que comprara nos saldos do Paga Pouco e furando pelo meio da multidão, lá conseguiu agarrá-la, tirando-a da pista.
Estava um bocado machucada, com uma das fechaduras arrebentadas, mas estava lá tudo, não se tinha perdido nada.
Pegou nela e seguiu a multidão que saía por uma porta, até um balcão, onde se formavam várias filas.
Viu toda a gente com os documentos na mão e percebeu que era ali que tinha que mostrar o seu bilhete de identidade. Pegou nele e quando chegou a sua vez entregou-o a uma funcionária loura de uniforme azul, sorrindo para a mulher e acenando com a cabeça.
A mulher olhou para o bilhete de identidade, depois para ele e disse-lhe qualquer coisa naquela língua estranha, fazendo-lhe sinal de que podia seguir.
Saiu para uma outra sala, onde várias centenas de pessoas, quase todas gigantes e louras, esperavam atrás de uma grade, por aqueles que acabavam de chegar.
Alguns tinham uns letreiros com uns nomes escritos, mas como ninguém esperava por ele, seguiu em frente dirigindo-se para umas enormes portas de vidro, que davam para a rua.
Quando abriu uma das portas, uma pontada de ar gelado atingiu-o na cara, sem avisar.
Tinha chegado! Estava na Finlândia e vinha para encontrar mulher ….

2 Comments:

Blogger Celia Luz said...

Isto cada vez está mais interessante... cá fico á espera do próximo capitulo!

26/2/06 18:28  
Anonymous Anónimo said...

joe stuzzicatto. está com muita pinta. imbroglio internacional com muita cor muito cheiro. fasciculos furibundos

31/3/07 02:04  

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