quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Poeira

Poeira, poeira ... diz a canção e todo o mundo abana a bunda porque é Carnaval !!!
Poeira, poeira ... lança a Ministra da Educação, desta vez para os olhos dos portugueses, numa manobra de propaganda, tão velha como o mundo .... Dá-lhes um doce, antes de lhes dares um pontapé !!!
Com isto quero dizer o quê ? .... Passo a explicar :
No mesmo dia em que confirmou o encerramento de 1500 escolas no interior de Portugal (a confirmar o tema de um anterior artigo neste bloco ) aquela criatura infame ( apetecia-me dizer outras coisas, mas prometi a mim próprio manter este blogo a um certo nível) anuncia que as criancinhas do 1º ciclo, vão ter desporto, pintura e muitas outras actividades maravilhosas ....
Que fixe !!! que maravilha, que gajos porreiros estes !!!.... Até dá vontade de esquecer o crime que vão cometer no interior, não é ? ....
Poeira, poeira .... vamos lançar poeira .....

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"É Carnaval, ninguém leva a mal" !!

24/2/06 10:07  
Blogger Celia Luz said...

Ninguém leva a mal uma pinóia! Este ano ficaram tantos professores desempregados, agora fecham 1500 escolas o que quer dizer que vão ficar mais professores no desemprego. Os alunos da cidade não podem ter furos mas os do campo podem passar os dias inteiros sem aulas... Que política é esta?

26/2/06 18:23  
Anonymous Anónimo said...

Penso da mesma forma, o governo anda a ensaiar práticas de desespero, só para não nos deixar pensar no fundamental, que é o desenvolvimento económico tão prometido para o nosso país.

26/2/06 18:31  
Anonymous Anónimo said...

A minha escolinha fechou!
Fernando Cunha e Sousa

A vida do homem também é feita de memórias. E à medida que avançámos no tempo, recuamos com maior frequência ao mundo da nossa infância e recordamos com mais doçura episódios da nossa juventude e da nossa meninice. Não admira portanto este sentido lamento e esta impotente constatação de muita gente, nada e criada nas aldeias.
Mas o governo Sócrates fez o que tinha que fazer e agiu com determinação e racionalidade, face a um sentimento, sem dúvida, legítimo dos habitantes locais e à vozearia algo calculista e hipócrita dos dirigentes autárquicos.

Algumas consciências mais sensíveis indignaram-se com o encerramento de centenas de escolas por esse país fora, com a deslocação forçada das criancinhas e com a política de desertificação do interior, malevolamente levada a cabo por este governo e por este Ministério da Educação insensível.

A bem da verdade, a situação chegou até aqui sem que os interessados, mais o poder autárquico, mais o poder central tenham feito algo mais que lamentar e lamentar-se.

Ora, uma escola só tem sentido se tiver alunos, a não ser que alguém lhe encontra outra finalidade que não o ensino/aprendizagem. Sir Humphrey, na notável série britânica “Sim, senhor ministro” encontrava mil e uma funções para um hospital que se encontrava a funcionar – sem doentes!

A verdade é que estas aldeias se encontram de há muito feridas de morte. Já lá não moram o padre, nem o médico; fecharam, se é que alguma vez existiram, os serviços de correio, se saúde ou de polícia. A maior parte da diminuta população residente é constituída por idosos e os jovens abalaram há muito. Ainda aqui há poucos dias um pároco que conheço me dizia que em determinada freguesia não tinha celebrado um único casamento no ano passado. É aqui que se encontra a raiz do problema.

Ora o que se constata é que estas boas almas e certas elites que verberam o actual governo pelo fecho de escolas, podem culpá-lo por tudo menos pela desertificação do interior. Ou andaram distraídas ou entretidas com outros afazeres, nas últimas décadas.

A base de sustentação destas aldeias era uma economia agrária rotineira e de subsistência, uma estrutura familiar alargada e um conceito de riqueza ligado à posse da terra.

Todos estes fundamentos ruíram: a mecanização e a revolução dos transportes alteraram a fisionomia dos campos, o ritmo económico e hoje ninguém sobrevive na agricultura. Os poucos resistente utilizam máquinas e não o recurso aos braços de uma prole numerosa. A família está hoje reduzida ao mínimo – pais e um ou dois filhos - quando não irremediavelmente destruturada. As terras estão hoje sem valor e na grande maioria a monte, o que realmente conta é ter dinheiro no bolso. O quadro mudou, enquanto Portugal dormia…

Portanto, o que temos hoje são apenas restos de um mundo rural que já passou à História. A visão romântica de carros de bois chiando nos caminhos e de bandos dirigindo-se para as vindimas ou para as ceifas pertence às ilustrações dos manuais do Estado Novo, já não pertence ao quotidiano do choque tecnológico.

Só não entendi muito bem quando a ministra, fria e secamente como é timbre deste governo, disse que as escolas não fechavam por motivos económicos.

Claro que nenhuma escola primária é sustentável do ponto de vista pedagógico, com duas, quatro ou seis crianças, sem dinâmica e sem horizontes, ainda por cima quando a tendência é para a diminuição, uma vez que a nupcialidade e natalidade atingiram praticamente o ponto zero.

Mas é evidente que manter uma escola aberta, com este número de alunos, pagando a funcionários e a professores, muitos deles, nestas circunstâncias, absentistas, não deixa de ser economicamente de somenos. Multiplique-se esta situação por várias centenas ou alguns milhares e teremos um custo incomportável.

Só um cego é que não vê. Aqui o económico andou de mãos dadas com o pedagógico!

8/3/06 13:32  
Blogger Unknown said...

Também já tinha lido o texto apresentado . Vinha no Diário Digital.
É a visão típica de alguém que apesar de ter nascido no interior, cedo rumou à grande cidade, que adoptou de alma e coração, não se importando então de renegar as suas origens.`
Esta opinião é sintomática do desprezo a que os intelectuais da cidade votaram o interior.
Seguindo a opinião deste senhor então a posição mais coerente seria evacuar para as cidades todos os velhinhos, que ainda resistem por esse interior abandonado de Portugal.
Metiam-se os velhinhos nuns asilos, à espera da morte e assim fechavam-se não só todas as escolas, mas também os Centros de Saúde, as Casas do Povo, as Câmaras e Juntas de Freguesia e tudo o resto.
As vantagens económicas seriam enormes e teriamos uma grande redução da despesa pública ...
Depois entregavam-se todas as terras às celuloses e enchia-se tudo de eucaliptos ...
E Viva Portugal !!!

11/3/06 12:59  

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