quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Intolerância e aborto

Há certas associações que geralmente não se fazem, ou porque nunca ninguém se lembrou disso, ou porque não são politicamente correctas ou seja não obedecem à doutrina moral vigente .
Isto vem a propósito de uma notícia chocante surgida na imprensa de hoje : um grupo de 10 ou 12 adolescentes, espancou até à morte um sem abrigo, no Porto.
Muita tinta há-de correr sobre este assunto, muitas reportagens e muitas mesas redondas irão ter lugar.
A tónica irá ser colocada por um lado na história do sem abrigo, homossexual, travesti e toxicodependente e na sua vida de sofrimento e degradação e por outro lado nos jovens, entre os 10 e os 15 anos, internos de um colégio do Porto, para jovens em risco e em situação de exclusão social e que não só confessaram o crime, como também acrescentaram que espancavam habitualmente o “pobre diabo”, talvez para espiarem a enorme revolta incontida, pelo facto de estarem neste mundo por acidente, sem o amor, o carinho ou a atenção de uma família, ou de quem quer que seja.
Tanto estes jovens como o miserável sem abrigo, são vítimas e agentes da intolerância.
A intolerância de uma sociedade hipócrita, comandada por agentes de uma religião, que de cristã já tem muito pouco, que não permite o aborto !!!
Ao fazê-lo obriga ao nascimento anual indesejado de centenas ou milhares de crianças, condenadas préviamente à exclusão social, ao abandono e desinteresse das famílias (quando as têm !) e na maior parte dos casos à marginalidade , à violência e ao sofrimento.
A proibição e criminalização do aborto, juntamente com a ilegalização e proibição das drogas, são os principais responsáveis pelo aumento da insegurança, da criminalidade e por grande parte da violência existente em Portugal.
E a situação só tende a piorar, não tenhamos ilusões !!!! .... estas proibições hipócritas não evitam nem uma coisa nem outra ! Servem sim para transformá-las em grandes negócios, que movimentam muitos milhões, fazendo muitas fortunas de pessoas, por vezes acima de quaisquer suspeitas e que são dos principais defensores da “Moral pública”, que justifica tais proibições .

1 Comments:

Blogger Celia Luz said...

João, em relação ás drogas não sei mas em relação ao aborto não posso concordar contigo... vivo num País onde o aborto não é proíbido e onde o nível de crime é superior ao de Portugal. E crimes que não passam pela cabeça de ninguém, crimes de arrepiar...

28/2/06 19:00  

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