sexta-feira, outubro 28, 2005

A Cura (2ª parte)

Sentado na sala de espera do consultório do Professor Bambu, Portugal hesitava.
Decidir nunca fora o seu forte e depois aquela sala não se parecia com nenhuma das que conhecera anteriormente. Na parede da frente uma caveira de rinoceronte sobressaía , como que olhando para os calendários de garotas nuas, logo ao lado. O ambiente era de penumbra, com um forte cheiro a incenso no ar. No chão um tapete felpudo, outrora lavado, estava semeado de pipocas que algum anterior paciente deixara cair. A um canto da sala, de um velho aparelho de cassetes saiam os sons de uma morna cabo-verdiana, que davam ao ambiente uma certa nostalgia.
Fechou os olhos, pensava em levantar-se e sair porta fora, quando uma voz soou :
--- Portugal pode entrar.
Assim fez e passou para um gabinete pequeno, quase totalmente ocupado por uma grande secretária, repleta de papéis e pastas. Sentou-se na cadeira em frente, enquanto mirava o Professor Bambu, figura imponente de túnica colorida e sorriso rasgado.
--- Como estás pá, disse o homem, então que é que tens ?
Portugal olhou para ele, inspirou fundo e começou a explicar-lhe todas as suas dores, angústias e insucessos recentes.
O homem ouviu em silêncio e quando ele finalmente terminou pediu-lhe que esticasse as mãos, que imediatamente segurou nas suas, enquanto fechava os olhos.
O silêncio era pesado, enquanto o corpo do professor estrebuchava, como que acometido de um ataque epiléptico.
Por fim largou-lhe as mãos e abriu os olhos.
--- Tchi, madié, teu caso é boé de difícil, exclamou o homem com os olhos esbugalhados. Tu tens os chakras todos fechados e não dá para ver nada !
Para poder mudar tua vida, tens que me trazer 4 objectos : Primeiro, vai a Gondomar, procura o major e traz-me o apito dourado ;
Depois vai até Felgueiras, fala com a Fátinha e descobre o saco azul ;
A seguir vai a Oeiras e descobre o táxi suíço do Isaltino e por fim vai até Sintra e traz-me a cueca fio dental do Castelo Tinto.
Só depois é que posso te ajudar !

(continua)