Neste princípio de século XXI é fácil constatar o enorme poder dos “media” e a sua exagerada influência na nossa sociedade.
No entanto eles não parecem estar satisfeitos e ambicionam ainda mais, numa espiral de crescimento desenfreada, consequência em parte da sua quase total impunidade.
Dois acontecimentos recentes reforçam esta ideia e mostram como são eles o verdadeiro “Big Brother”, de que falava George Orwell.
A uma escala local, mais provinciana, mas igualmente sintomática, registou-se nos últimos dias uma “tentativa” de casamento de duas mulheres, que agitou a calmaria deste “jardim à beira mar plantado”.
Devo para já dizer (antes que me caiam em cima), que nada tenho contra as lésbicas, nem contra os homossexuais. Conheci vários, alguns são até meus amigos e respeito-os, na mesma medida em que eles me respeitam a mim. Mas, atenção, uma coisa são os direitos das pessoas, a escolherem livremente os seus parceiros sexuais e outra é o “folclore” inerente a esta pseudo-notícia.
Se não fosse todo o destaque e o histerismo associado, que os “media” lhe deram, nada disto passaria de alguma simples nota de rodapé, na página 35 do jornal da manhã. Assim, com a ajuda de dezenas de jornalistas, portugueses e estrangeiros, operadores de televisão e enviados especiais, transformou-se num genial golpe publicitário, que deu a estas jovens e ao seu advogado pato-bravo, um protagonismo enorme, que as retirou do anonimato e irá certamente transformar as suas vidas.
Nasceram repentinamente duas heroínas, que se desdobram em entrevistas a órgãos de informação e são as mais recentes estrelas do jet-set nacional. Nasceu um advogado para causas homossexuais, que irá facturar brutalmente nos próximos anos. Os jornais venderam à brava e as televisões garantiram mais umas chorudas audiências.
Daqui por uns dias, a poeira há-de assentar, as moças continuarão a viver juntas com dantes e voltaremos à nacional parvalheira, até que novo escândalo se anuncie.
O outro acontecimento, este de bem maior gravidade, sucedeu lá fora, na modelar Dinamarca e consistiu no seguinte: um jornal sensacionalista, provavelmente á beira do abismo, resolveu dar um passo em frente e agitar estupidamente as já de si complexas e sensíveis, relações entre o Ocidente e os países árabes.
Para isso publicou umas caricaturas de Maomé, de conteúdo claramente racista e provocatório, mostrando-o como um bombista sanguinário e cruel. Aparentemente nada de especial, para nós Ocidentais, que estamos habituados a ver e a ouvir quase tudo, mas é preciso chamar a atenção para o facto de que na religião muçulmana, são proibidas qualquer representação gráfica de Deus.
Concorde-se ou não, acredite-se ou não, o que é certo é que é da mais suprema bestialidade, deitar desta forma mais achas para a fogueira das Religiões, que arde em lume constante, há séculos … e isto a coberto de uma pretensa liberdade de informação, que esquece a mais elementar regra: a de que a nossa liberdade termina, no ponto em que pisamos a liberdade dos outros … ou seja, por outras palavras, a nossa liberdade, não pode valer mais do que a liberdade de qualquer outro ser, deste planeta globalizado.
No fundo é como uma recriação do velho discurso, colonial e racista, que defendia a superioridade rácica e a supremacia do Ocidental, sobre o Etíope, o Argelino ou o Sudanês.
Para vender mais jornais e salvar um jornalismo abjecto, pôs-se em risco a paz mundial e contribui-se para a morte de várias pessoas, reféns desta impunidade e deste poder excessivo dos media.
Já não nos bastava a chegada do partido bombista ao poder na Palestina, a emergência de um neo-nazi na presidência do Irão, faltava-nos estes estúpidos “aliados” ocidentais, a criarem mais confusão e ruído … que tornam cada vez mais distante e difícil a essencial caminhada para a paz e o respeito entre os povos !!!
Enquanto isso o governo liberal Dinamarquês não compreendeu a armadilha, que lhe estavam a criar, hesitou e nada fez, agravando a cada dia que passa o problema e esperando cada vez mais desesperado, pelo aparecimento de mais algum “bombeiro”, que consiga apagar mais uma vez, este estúpido incêndio religioso e cultural.
Os “media” fazem as guerras, porque elas lhes dão jeito … estimulam a violência e os instintos básicos do bicho-homem, quando lhes convém … criam heróis e anti-heróis … constroem e destroem a História, ao sabor dos seus interesses.
A Informação é necessária e importante ! o Excesso de Informação é perigoso e viciante ! e a Ética é uma bola de pingue-pongue, cada vez mais louca !...