domingo, maio 27, 2007

Liberdade e Censura

O triste episódio do saneamento político de um professor na Direcção Regional de Educação do Norte é um indicador político e social importante, que merece aqui a minha atenção.
Primeiro que tudo é revelador dos tiques autoritários de Sócrates e o seus "muchachos", mostrando por um lado as suas simpatias totalitárias e por outro um certo pânico do "engenheiro" ao ver os pesos pesados do seu governo a abandonarem o barco (o último foi António Costa) e o pantano político ( de que falava Guterres) a instalar-se, gradual e irremediávelmente. Assim e apesar da maioria absoluta (que Guterres nunca teve) o governo de Sócrates revela ao fim de 2 anos de poder, os mesmos sintomas de arteriosclorose, que o governo PS de Guterres revelou ao fim de 6 anos e que conduziu ao desfecho político, que todos conhecemos. Este facto é revelador da grande medíocridade de Sócrates, na realidade muitos furos abaixo das capacidades e competências de Guterres. Sócrates, só ganhou a eleição, e com maioria absoluta, devido ao descalabro do PSD e ao tsunami Santana Lopes.
Em segundo lugar mostra em todo o seu esplendor a figura típica do funcionário "lambe botas", aqui representada pela Directora Regional de Educação, tentado desesperadamente ser mais papista que o Papa, agindo de forma absolutamente pidesca e não só suspendendo o professor que disse a piada, como colocando-lhe um processo em tribunal, por insulto ao primeiro ministro , imagine-se. Esta funcionária, de que eu me recuso a saber o nome, é hoje uma heroína do Ministério da Educação e certamente um forte candidata a uma futura promoçãozinha, para um cargo mais elevado e certamente mais bem remunerado. Essa promoção terá lugar daqui por uns meses, quando este assunto já tiver esfriado e caído no esquecimento dos "media".
Em terceiro lugar, menos falado, mas não menos importante, vem a mostrar o papel do "bufo", outro papel típico no "foclore" nacional e aqui protagonizado, pelo "amigo" a quem o professor suspenso contou a anedota e que imediatamente correu ao gabinete da Directora, para fazer as queixinhas. Realmente, com "amigos" destes, quem precisa de inimigos?
Este personagem é também um forte candidato ao prémio do melhor professor do ano, já que mostrou um zelo sensacional !!!
Assim vai Portugal !
A liberdade de expressão foi a última liberdade que sobrou à lenta e gradual eutanásia do 25 de Abril, mas mesmo essa está fortemente posta em causa !
Será que isto ainda é uma democracia ? ou será que a ditadura encapuçada, temperada com corrupção, indiferença e conformismo, se instalou sorrateiramente no nosso país ?

segunda-feira, maio 21, 2007

Arrábida




Já que estou em "maré de Setúbal", aqui vão mais algumas imagens da minha terra.

Desta vez seguem imagens da serra da Arrábida, esse paraíso adiado, envenenado de mansinho pelos gases malditos da Co-inceneração.


Para quando o fim do Cancro da serra ?




Será que também se poderia incenerar os engenheiros aldrabões e todos os restantes pulhas da nossa terra ?





Daqui por uns anos, quando houver finalmente provas científicas da toxidade da co-inceneração e da sua responsabilidade na ocorrência de cancros, leucemias e outras maleitas afins .... os políticos que as impuseram, hão-de lavar as suas mãos e negar as suas culpas !







Como sempre, quem se lixa é o "mexilhão" !!!!....

quinta-feira, maio 17, 2007

Moinho das Mouriscas



Naquele lindo dia de sol não me fui enfiar no Centro Comercial .

Fui antes passear ... até ao Moinho das Mouriscas, ali para as bandas das Praias do Sado ( Setúbal ).

Gostei ... gostei mesmo !

Trata-se de um antigo moinho de maré, restaurado recentemente pelo Parque Natural .... e que espera a sua visita !




O Moinho está em risco de fechar por falta de visitantes .... que pena !

Venha ver ! ....

Vai gostar !



















segunda-feira, maio 14, 2007

Arte digital 6


Ainda de Vladimir Kush

domingo, maio 13, 2007

Desaparecimento

Nos últimos dias todos os orgãos de informação assentaram as suas baterias sobre o caso do desaparecimento da míuda inglesa, de um resort turístico no Algarve.
É evidente que lamento o desaparecimento da criança ! É evidente que estou solidário com o sofrimento dos pais ! É evidente que me causa profunda repulsa este tipo de crimes e acho que os responsáveis (se algum dia forem encontrados) deverão ser punidos com mão pesada.
Mas não é sobre tudo isso que eu venho aqui falar .
O que eu quero dizer poderá ser incómodo para muitos, políticamente incorrecto , mas não deixa por isso de ser verdade e as verdades devem ser ditas, doa a quem doer!
Todos os anos em Portugal, largas dezenas de crianças, de todas as idades são dadas como desaparecidas e um boa parte delas, nunca volta a ser encontrada !
Estas dezenas (talvez centenas) de desaparecimentos permanecem anónimos e raros são aqueles que merecem sequer uma pequena notícia na página 39, de um qualquer jornal diário. Muitas vezes até a própria polícia, pouca ou nenhuma atenção lhes dedicam, já que alegam falta de meios de investigação. O sofrimento das famílias e amigos permanece anónimo e cresce em silêncio, longe dos holofotes das televisões ou dos flashes dos repórteres.
Desta vez tudo foi diferente. O governo e as chefias policiais destacaram para o local todos os seus melhores meios. Centena e meia de polícias, GNR, Judiciária, Protecção Civil, bombeiros, bateram exaustivamente durante mais de uma semana uma área extensa, com a ajuda de cães, helicópteros no ar, barcos e mergulhadores nas praias, etc ....
Ao mesmo tempo à pacata Praia da Luz, chegaram dezenas de jornalistas, inúmeros carros de reportagem de estações de televisão, os telejornais passaram a emitir directos de longos minutos em que os jornalistas presentes, repetiam 3 e 4 vezes a mesma coisa, transformando o nada da investigação, em algo que parecia substancial, os jornais durante uma semana ocuparam as primeiras páginas, com não-informações especulativas e todo o país passou a tratar Madeleine como a sua filha desparecida.
Porquê ? O que mudou ? Qual o motivo para tamanha diferença de tratamentos ?
É simples e também brutal !
É que Madeleine, a criança desaparecida é Inglesa, filha de turistas ingleses de férias em Portugal !
Agora pergunto eu ? E se fosse uma criança portuguesa teria direito ao mesmo tratamento ?
E se fosse uma criança Cabo-verdiana ou Angolana ou Ucraniana, teria direito ao mesmo tratamento ?
Como dizia George Orwell, "todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros ".
Basta de hipocrisias, por favor !
Espero sinceramente que Madeleine seja encontrada com vida e volte ao seio da sua família , mas também espero (exijo, talvez ficasse melhor), que a próxima criança que desaparecer em Portugal goze do mesmo tratamento por parte das polícias e da mesma atenção por parte dos media, independentemente da sua nacionalidade, raça, ou cor da pele !!!

terça-feira, maio 08, 2007

O País do défice

Os media publicitaram à dias que o Governo do “Engenheiro” Pinóquio, tinha conseguido diminuir os números do défice do Estado, para valores menos gordos e supostamente mais aceitáveis.
É falso ! Não passa de uma refinada mentira, bem ao jeito do país Faz de conta, também chamado de Portugal.
Passo a explicar.
Trabalho há muitos anos numa instituição do Estado (qual é não interessa, porque acho que a situação é geral e repete-se por todo o lado).
Por isso tenho observado por dentro o que tem sido a redução do défice do aparelho de Estado, longe dos “cenários” dos jornais e das tvs.
Nessa instituição, desde há alguns anos, que as persianas das janelas não são reparadas, quando se estragam. Não há dinheiro. Fica assim !
Também as fechaduras das portas foram em muitos casos arrancadas, estragaram-se ou partiram-se mesmo. Não há dinheiro. Fica assim !
As canalizações das casas de banho rebentaram, os autoclismos avariaram, os urinóis entupiram. Paciência, fecha-se a casa de banho. Não há dinheiro. Fica assim !
Os esgotos do refeitório entupiram e vertem para fora. Não há dinheiro. Fica assim !
Poderia continuar aqui a lista de exemplos, mas não é preciso … o panorama é claro!
Ao poupar no Investimento, ao cortar as verbas para a manutenção, ao reduzir artificialmente os custos de funcionamento, o Estado poupou realmente … mas esta é uma poupança falsa, uma poupança mentirosa, escandalosa e que nos toma por otários.
Brevemente, quando já não houver casas de banho disponíveis, quando todas as persianas já não abrirem, quando o cheiro dos esgotos for insuportável e portanto quando se tornar impossível funcionar …. O Estado vai ter que fazer obras, grandes obras, que vão custar muito dinheiro !
E aí o maldito do défice vai voltar a subir novamente … e voltaremos ao início de um novo Ciclo !
Assim se vive no País do Faz de conta .

Arte digital 5


Novamente de Vladimir Kush, Forgotten sun glaces.

sexta-feira, maio 04, 2007

O fenómeno Jardim

Ora aí está um tema polémico !
Um dia destes um amigo disse-me que a minha escrita era muito consensual … será ? …
Gosto, no entanto imenso da polémica … e não fujo às questões, mesmo quando elas são difíceis !
Ora essa porquê difíceis ? … Porque Alberto João Jardim é como que uma espinha espetada na garganta da esquerda, um abcesso no jardim idílico do politicamente correcto, um personagem controverso e muitas vezes incómodo, até mesmo para a direita nacional.
Antes de continuar, queria aqui fazer uma ressalva: não sou admirador, nem adepto, nem apoiante do homem ! Não votaria nele, ainda que vivesse na Madeira !
Tudo isto não me impede de fazer uma análise do homem, o personagem que governa a Ilha da Madeira há 30 anos, como um Rei absoluto, poderoso e imune a todos os ataques, invejas e armadilhas.
Antes de começar a minha análise, apenas um pequeno prefácio, para situar a questão: antes do 25 de Abril, a Madeira era uma pequena ilha, perdida no meio de um vasto Oceano, longe de tudo, abandonada à sua sorte, pelos poderes de Lisboa, do “Contenente”, como eles dizem, demasiado ocupados com o seu umbigo e as “guerrinhas” de faca e alguidar, tão vulgares na vidinha nacional. Os níveis de desenvolvimento tinham ficado parados, algures no virar do século XX, a emigração para a Venezuela, África do Sul e Brasil, era a única alternativa possível à agricultura de subsistência, ou ao cultivo da vinha, que produzia o Vinho da Madeira, praticamente a única exportação da ilha e que deliciava os Camones da distante Inglaterra.
Pequeninos, poucochinhos e esquecidos, para não dizer abandonados, os Madeirenses lá viam de vez em quando algum dos seus filhos mais afortunados, vingar no Contenente.
Jardim era então um jornalista, num jornaleco da ilha, que percebeu que chegara a sua hora, viu que nada tinha a perder e na ressaca da perca do império colonial Português e da trauma de um País de aquém e além mar, reduzido á sua insignificância e pequenez, soube extrair com juros ( juros elevados !) o que lhes era devido, após tantos anos de desprezo e ignorância.
Agitou então o fantasma da independência (na realidade nunca passou de um fantasma), para assim poder extorquir ao poder central de Lisboa muito mais do que era suposto, dada a dimensão da ilha e a sua população. E durante os 30 anos que se seguiram não parou de o fazer, consciente do seu sucesso, jogando com a fraqueza e efemeridade dos muitos e sucessivos governos, que por cá foram aparecendo e desaparecendo.
Esta capacidade de arranjar dinheiro, muito dinheiro é talvez a principal razão do seu sucesso, mas não é a única.
Outra característica muito importante e algo rara na política Portuguesa é a sua identificação com o povo e a sensação de proximidade com ele, que Jardim consegue transmitir. O que quero dizer com isto ? Passo a explicar:
Desde tempos longínquos na nossa História a Política e a Governação dos destinos da Nação, foram desempenhados pelos que estavam no topo da pirâmide social, inicialmente a nobreza e depois a partir do século XVIII, pela alta burguesia em ascensão. Ainda hoje é assim, apesar de supostamente mais camuflado, mas na realidade os nossos governantes, vem todos da elite e pouco conhecem do mundo cá em baixo fora dos palácios, dos cocktails e das recepções (daí a absoluta necessidade de se ser doutor, engenheiro ou advogado, como está à vista no recente caso Sócrates).
Jardim não sendo do povo, soube com mestria aproximar-se dele. Primeiro que tudo recusou viver no Palácio do Governo, moradia sublime sobre a Baía do Funchal e permaneceu habitando na sua casa de sempre, no centro da cidade. Depois, anda pela rua livremente a qualquer hora, aparentemente, sem escolta policial (ou vigiado apenas discretamente à distância) e na rua, fala com todos, mete conversa, dá uma palavrinha. E isto todo o ano e não apenas nas véspera das eleições, com fazem os políticos cá no Continente.
Vai às feiras e às festas populares e faz questão de beber um copo em todas as bancas. Apanha uma carraspana, sem dúvida, mas estas medidas tem um efeito político de grande alcance, porque as pessoas, vêm-no com um dos deles e não como um corpo estranho lá no cimo do pedestal.
Depois fala com uma linguagem popular, que todos entendem e não pratica o politiquês inacessível e intelectual, como quase todos os outros. Fala mal, diz palavrões, bacoradas, fazendo todo o mundo esquecer que ele até é doutor e parecendo mais o agricultor ou o carroceiro. Não faz mal, o povo gosta assim, apesar dos intelectuais gozarem e ser alvo da chacota do Continente. É boçal, popularucho, demagógico, parece até uma figura de opereta, mas esta pose é intencional, é propositada e dá resultado.
Jardim dá ao povo, o que ele gosta ! e daí o povo gosta dele e vota nele ! …
Ninguém consegue melhor do que ele, chular o Continente !
E o que importa é que ele tem conseguido com esse montão de dinheiro, desenvolver a Madeira, dotá-la de uma rede de estrada e túneis moderna e eficiente, desenvolver o turismo aproveitando as enormes aptidões naturais e climáticas da ilha.
A Obra está à vista e ele não para de inaugurar mais coisas. Mesmo aquelas que parecem insignificantes, são significativas para a população dessas zonas e dá-lhe votos.
È imoral ? Talvez, mas a verdade é que todos fazem o mesmo, de forma mais ou menos disfarçada.
Fez algumas asneiras, mas até agora ainda ninguém conseguiu apanhá-lo com as calças na mão … (e bem gostavam, calculo).
Sócrates na sua ânsia moralizadora (!!!) tentou metê-lo na ordem e cortar-lhe as verbas.
Fê-lo de forma precipitada, arrogante e nem se preocupou em explicar ao povo da Madeira a razão para lhe estar assim a cortar a mesada …. Que esperava ? Foi mais um tiro no pé !
Jardim fez teatro, dramatizou, afirmou-se roubado e explorado e demitiu-se, convocando novas eleições.
Agora Jardim vai ganhar de novo e com a maior vitória de sempre ! E isto sem ter de prometer nada de novo. Apenas terá 4 anos para fazer tudo aquilo, que não ia conseguir fazer em 2 anos.
Jardim não está nada preocupado com os ódios e aversões que gera no Continente. Ele vive é na Madeira e lá vai de vento em popa.
Portanto parem para aí de berrar com o défice democrático … parece mais dor de cotovelo! O homem ganha as eleições! Quem se atreve a ir lá derrotá-lo ?
E depois se ele desaparecesse de cena, com quem iríamos nós inventar anedotas ?
O folclore nacional ficaria irremediavelmente mais pobre !

quinta-feira, maio 03, 2007

Um certo olhar




Mais algumas fotos da bela Ilha da Madeira.



















terça-feira, maio 01, 2007

Arte digital 4


Esta imagem de Vladimir Kush reflete bem a actual situação dos Fragmentos ...