terça-feira, maio 08, 2007

O País do défice

Os media publicitaram à dias que o Governo do “Engenheiro” Pinóquio, tinha conseguido diminuir os números do défice do Estado, para valores menos gordos e supostamente mais aceitáveis.
É falso ! Não passa de uma refinada mentira, bem ao jeito do país Faz de conta, também chamado de Portugal.
Passo a explicar.
Trabalho há muitos anos numa instituição do Estado (qual é não interessa, porque acho que a situação é geral e repete-se por todo o lado).
Por isso tenho observado por dentro o que tem sido a redução do défice do aparelho de Estado, longe dos “cenários” dos jornais e das tvs.
Nessa instituição, desde há alguns anos, que as persianas das janelas não são reparadas, quando se estragam. Não há dinheiro. Fica assim !
Também as fechaduras das portas foram em muitos casos arrancadas, estragaram-se ou partiram-se mesmo. Não há dinheiro. Fica assim !
As canalizações das casas de banho rebentaram, os autoclismos avariaram, os urinóis entupiram. Paciência, fecha-se a casa de banho. Não há dinheiro. Fica assim !
Os esgotos do refeitório entupiram e vertem para fora. Não há dinheiro. Fica assim !
Poderia continuar aqui a lista de exemplos, mas não é preciso … o panorama é claro!
Ao poupar no Investimento, ao cortar as verbas para a manutenção, ao reduzir artificialmente os custos de funcionamento, o Estado poupou realmente … mas esta é uma poupança falsa, uma poupança mentirosa, escandalosa e que nos toma por otários.
Brevemente, quando já não houver casas de banho disponíveis, quando todas as persianas já não abrirem, quando o cheiro dos esgotos for insuportável e portanto quando se tornar impossível funcionar …. O Estado vai ter que fazer obras, grandes obras, que vão custar muito dinheiro !
E aí o maldito do défice vai voltar a subir novamente … e voltaremos ao início de um novo Ciclo !
Assim se vive no País do Faz de conta .

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Amigo João,tu referes-te a verbas para a manutenção de infraestruturas,mas do meu ponto de vista, a maior mentira do "País do faz de conta"é aquilo a que chamaramPRACE (Plano de Reestruturação da Adm. Central do Estado). Aí o escândalo atinge os limites do indescritível:sabendo-se que uma das maiores despesas do Estado são os salários dos funcionários, reduzem-se efectivos (mandam-se para casa a receber 60% dos salários, sem nada produzir), transformam-se Direcções Gerais, Universidades, etc. em institutos, atribuem-se as tarefas desses funcionários "dispensados" a privados (as empresas dos amigos têm de sobreviver, pois então) e assim se ruduzem despesas. "Reorganiza-se", sem se estudar se as novas "soluções" são melhores do que as antigas, sem sequer se conhecerem os custos da "reforma" e o povo papa tudo. Os órgãos de comunicação social estão todos bem dominados e não divulgam o escândalo que nós, funcionários do Estado, vivemos no dia a dia. No exercício de desorçamentação enganosa, as contas apresentam reduções no défice, é verdade, mas a despesa não diminui. Aumenta e bem! Só que foi varrida para debaixo do tapete. Daqui a dois anos, quando a realidade vier à tona, já será uma outra legislatura... Quem estiver então no poder que se amanhe.
Entretanto, Portugal segue, imparável, no caminho de se tornar na economia mais pobre da Europa e o povo come e cala... Desde que vá sendo entretido com futebol, novelas e a imagem de uma suposta seriedade decorrente da denúncia de um escândalo ou outro (de preferência protagonizado por gente do PSD)numa autarquia qualquer.
E, sem uma beliscadura, o Governo tem impunidade total para dar cabo do que resta deste País...
Eu pensava que o tempo de ter vergonha de ser português tinha acabado, mas pelos vistos, o pior ainda está para vir...
RV

8/5/07 15:22  

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