domingo, janeiro 29, 2006


Estão todos convidados!
A partir de 4ª feira.

sábado, janeiro 28, 2006

A Cura (7ªparte)

No dia seguinte, logo de madrugada, Portugal estacionou o táxi em cima do passeio, à porta do consultório do Professor Bambu. Tinha que se apressar, pois tinha prometido entregá-lo ao dono ainda naquela manhã e não queria falhar. Até agora tinha feito tudo direitinho e nem queria pensar no que lhe poderia acontecer se faltasse ao prometido ao mafioso suíço.
Quando a secretária do professor chegou e abriu as portas do consultório, Portugal foi o primeiro a entrar para a sala de espera e lá ficou mirando tudo aquilo, enquanto se deixava envolver no cheirinho gostoso do incenso.
Rápidamente a sala se encheu de pacientes ruidosos, crianças chorando e até um cachorro rafeiro, preso com um cordel à perna de uma mesa.
Por fim o Professor lá chegou e Portugal foi o primeiro a entrar para o seu gabinete, sentando-se pesadamente na mesma cadeira de há uns dias atrás.
--- Bom dia, pá, então por cá de novo ? perguntou-lhe o professor enquanto saboreava um cafézinho fumegante, que lhe trouxera a secretária.
--- Já está, professor, consegui tudo o que me pediu, respondeu Portugal colocando em cima da secretária o apito dourado, o saco azul e a cueca fio dental.
--- Tchi pá, tu conseguiu ... mas falta o táxi, replicou o professor, balouçando-se na cadeira.
--- Está estacionado ali à porta, respondeu Portugal, não o podia trazer para aqui, não é.
--- Fantástico, pá, respondeu o homem, que entretanto se levantara e espreitara pela janela.
--- E agora, já tem a cura para o meu problema, perguntou Portugal, com ar ansioso.
--- Calma, pá, vamos ver o que diz a bola de cristal, respondeu o professor, tocando uma campainha, num botão por baixo da secretária.
Passado um pouco a secretária entrou. Tratava-se de uma gazela africana, linda com a lua, coberta apenas com uma capulana de cores garridas, com os cabelos compridos em locks rastafarianos, sobre os ombros nus e com uns olhos negros, profundos, que penetravam a alma dos homens, deixando-os de boca aberta, como uns peixes fora de água.
O professor disse-lhe qualquer coisa, numa língua estranha e ela dirigiu-se para a janela, fechando as cortinas e deixando o escritório envolvido numa penumbra misteriosa.
Movia-se com graciosidade, bamboleando as ancas sensualmente. Portugal estava conquistado, com o coração a bater sofregamente e não conseguia tirar os olhos da mulata, que depois saiu porta fora, deixando a sala orfã da sua presença.
Passado um pouco voltou, trazendo numa mão uma bola de cristal e na outra umas velas, que poisou sobre a secretária, em círculo, acendendo-as lentamente enquanto olhava para Portugal, com um sorriso estonteante.
Portugal suava em bica, com o coração a cavalgar no peito e os olhos muito abertos. Conseguira já fechar a boca, mas a admiração ainda morava ali.
Enquanto isto o Professor Bambu observava deliciado, dando umas passas longas num enorme cachimbo africano, que entretanto tinha acendido.
A mulata saiu de novo e voltou a entrar trazendo uma bacia metálica, já bastante chamuscada que pousou na secretária do professor. Lá dentro uma pata de galinha, umas penas de ganso e um tufo de pelos, juntamente com mais dois ou três objectos estranhos.
Quando a secretária saiu o Professor Bambu levantou-se por fim da sua cadeira e com passos saltitantes deambulou pela sala, entoando uma estranha cantilena.
Por fim voltou a sentar-se e pegando num isqueiro dourado pegou fogo aos objectos que estavam na bacia metálica.
O ambiente começou a ficar pesado ,numa miscelânea de cheiros, iluminado apenas pelas luzes trémulas das velas, enquanto o professor pegou nos objectos que eu lhe trouxera e jogava um por um na fogueira ateada na bacia metálica.
Depois calou-se e afagou lentamente a bola de cristal, no meio do círculo de velas.
Por fim disse:
--- Agora já vejo bem o teu problema, pá , exclamou olhando para Portugal com ar penetrante.
--- Tu tens falta de mulher ! exclamou em jeito de conclusão, uma mulher que te aqueça na cama e uma mulher que te governe a casa, porque tu não sabes nada disso, pá .
Portugal, nada disse. Tentou falar mas as palavras ficavam-lhe engasgadas na garganta e apenas saiam uns pequenos grunhidos. Continuava de olhos esbugalhados e o suor escorria-lhe pelo rosto.
--- Vejo uma linda mulher, loira e alta, para comandar a tu ! Ela vai pôr ordem na tua casa e orientar a tua vida, pá, concluiu o professor.
--- Mas, mas onde a vou encontrar, conseguiu perguntar Portugal, gaguejando.
O Professor voltou a afagar a bola de cristal e por fim disse:
--- Procura-a no norte, nos países gelados do norte da Europa, terminou, são 100 € pela consulta .

(continua)

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Marraquech Express

já que fugimos para Marraquech, vamos de comboio!



dos Crosby, Stills, Nash e Young

Praça Djemaa el Fna


Marraqueche

quinta-feira, janeiro 26, 2006

A Guerra Civil das Escolas

Estou no meio de uma aula de Matemática e por entre o ruído ensurdecedor que me rodeia, penso sobre o que é que estarei a fazer aqui.
A ensinar Matemática, dirão, mas como ? …
À minha frente 28 miúdos de várias idades falam uns com os outros, elevando a voz como se de um mercado se tratasse. Pelo ar voam borrachas e um pouco mais abaixo circulam folhas com corações desenhados e “Loves” escritos em várias letras.
Respiro fundo e preparo-me para berrar mais uma vez por silêncio … desta vez em forma de suplica, pois todos os outros métodos caíram já por terra …
Qual quê, o barulho nem sequer baixa um bocadinho … à minha esquerda o Mário tenta fazer o exercício, quando um papel lhe aterra na testa e umas risadas sobrepõem-se ao ruído de fundo. Então não é que o malandro até estava a trabalhar …. Inadmissível, sem dúvida e logo o Marcos tratou de lhe recordar que ali a malta não gostava de marrões.
Um pouco mais atrás a Patrícia dava chapadas furiosa na cabeça do Diogo, que encostara a cadeira para trás, fazendo cair o dossier da aluna. Este berrava que nem um possesso à espera da reacção do professor.
Lá no fundo da sala a Adriana soltava risadas estridentes, mostrando um qualquer papel à Carla, enquanto do outro lado o Carlos berrava que lhe tinham roubado o afia.
--- O professor não manda em mim ! dissera a fedelha de 12 anos, quando na aula anterior me fizera saltar a tampa e a mandara para a Sala de Estudo, nem a minha mãe manda, quanto mais o professor, exclamara em tom triunfal.
Entretanto, á frente do lado esquerdo o António de braço esticado, queria ir à casa de banho, posição contestada imediatamente pelo Ricardo, que dizia que agora era a sua vez.
A Matemática andava perdida no meio de tudo aquilo e perante tantos “incêndios” em simultâneo, eu pensava qual deles acudir primeiro.
Lancei mais um dos meus berros de guerra, o enésimo, se não me falha a memória e o ruído decresceu momentaneamente.
Optei por lhes apelar ao sentimento e fiz mais um discurso emotivo, que resultou … durante 30 segundos.
Quando me preparava para voltar à Matemática, virei-me para o quadro para explicar a operação e imediatamente como que por magia a algazarra voltou, com a mesma intensidade de sempre …
Que fazer ? Mandar mais dois ou três para a rua, irá chocar certamente com a doutrina oficial do bom selvagem, a tal das pedagogias activas … malandro do professor, culpado e cruxificado, por tamanho descalabro.
Tento novamente explicar a propriedade da multiplicação, o barulho baixou um pouco, mas só meia dúzia dos alunos me estão a dar atenção … os outros entretidos com vários afazeres importantes como riscar as mesas ou escrever bilhetinhos de amor, estão-se completamente cagando para todo o meu esforço !
Olho desalentado para a turma e penso novamente na minha vida, sentindo o cansaço avolumar-se a cada minuto que passa … Lá fora, a muitos milhares de kilometros de distância há milhares de miúdos esfaimados e com sede de conhecimento, que gostariam certamente de ouvir, tudo o que eu tenho para ensinar…. e isso podia ser um raio de sol, que os ajudasse a mudar a sua vida para saírem desses círculos infernais de miséria e sofrimento.
Volto a cair em mim, quando à minha frente a Mafalda, num gesto de simpatia exclama: Não se canse professor, não vale a pena !
Como ela tem razão ! Estes miúdos não querem aprender Matemática, que seca !
O que eles querem é mais Playstations, novos episódios dos Morangos com Açúcar e mais telemóveis de última geração, daqueles que fazem filmes e tudo. Tudo o resto é o mundo estúpido dos adultos, secante e enfadonho.
Mas não posso parar, a meio da sala nova disputa se inicia, o Pedro e a Sara empurram-se com violência, por causa de um afia e lá tenho que ir separar os moços, antes que se matem.
O caso estava feio, felizmente que tocou a campainha e como que impulsionados por uma mola todos se levantaram, gritando contentes com o fim daquele pesadelo e correndo para o recreio, atropelando-se mutuamente nas escadas.
Por fim a sala esvaziou-se de alunos. Eu sentei-me à secretária, gozando aquele momento de tréguas e tentando recuperar forças …
Bem precisava ! Seguiam-se mais 6 horas como aquela … e era preciso sobreviver !....

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Fardas

Primeiro que tudo detesto fardas !
Como objector de consciência, que sempre fui, com muita honra, recuso não só o pegar em armas para matar outros seres humanos ( questiono até a necessidade da existência de forças militares), mas também recuso a farda, símbolo da disciplina militar, em que o indivíduo é escravizado pelo grupo ( as grandes patentes militares entenda-se ).
Farda, simboliza submissão e humilhação.
Mas não é só na vida militar que eu rejeito a farda. Rejeito-a também naquelas profissões em que ela é perfeitamente dispensável. Acho normal e justificado a bata branca, num médico, ou um fato macaco num mecânico, mas discordo totalmente que um bancário tenha que vestir fato e gravata, ou que um delegado de propaganda médica seja mais respeitável, se tiver idêntico uniforme.
Era aqui que eu queria chegar: ao fato e gravata !
Nunca usei fato e gravata e tenho muito orgulho nisso ! A única excepção foi num Carnaval distante, tinha eu 7 anos de idade, mas nessa altura era apenas uma máscara como outra qualquer.
Costumo até dizer que sou profundamente alérgico a tal uniforme e sei que essa foi uma das razões (não a única) que me levou a não exercer a profissão em que me licenciei (Economia).
Mantenho pois a minha liberdade, embora saiba perfeitamente que isso tem um preço, por vezes elevado, mas a liberdade é mesmo assim … implica sacrifícios e escolhas !!!
Lembro-me até que quando me formei, o meu pai ofereceu-me um casaco, que vesti apenas uma vez, numa entrevista para um emprego … e acabou mais tarde por ser vendido na feira da ladra.
A farda ( o fato e a gravata ) torna-nos a todos em nada mais que fotocópias, imagens humilhantes retiradas de revistas do jet set, carneirinhos todos iguais, que dizem “mééé …” em várias línguas, mas sempre com o mesmo significado.
Nunca disse a nenhum homem que estava bem vestido, ainda por cima com aquela espécie de corda ao pescoço, antes pelo contrário por vezes tento até esconder o desprezo que sinto, por tamanha humilhação.
Vêm isto a propósito de uma notícia que li, sobre a política oficial de muitas grandes empresas, sobre o vestuário obrigatório dos seus trabalhadores (o tal fato e gravata, para os homens), que constitui motivo de justa causa para despedimento !!!
Com que direito uma empresa interfere assim na liberdade e na individualidade, dos seus trabalhadores ?
Certamente que eles não vão trabalhar nus, nem de fato de banho e toalha de praia.
Isto também é fascismo e não pensem que estou a ser radical.
Deixa de ser o António, o Manuel ou o Francisco e passa a ser o homem Vodafone, ou o homem BCP.
E isto é apenas o principio ! Brevemente estas grandes empresas (cada vez mais são elas que mandam no mundo) irão determinar os livros que os seus funcionários podem ler, os filmes que estão autorizados a ver, quais as mulheres com quem podem namorar e como devem ocupar as horas livres, do fim de semana.
Eles serão cada vez mais um simples número, perfeitamente dispensáveis e rápidamente substituídos, com a mesma importância que um simples parafuso, em qualquer engrenagem.
Acham bem ?
Ou ter um simples emprego justifica tudo, implicando previamente que lhes vendamos a alma e cada individuo já nada vale, pois a única coisa que interessa é que a empresa tenha lucros cada vez maiores !!!

Tradução precisa-se !


Má que geto, mô !...

Nã dá percebido quasi nada !

Amigue n'empata amigue

mas

con brutes nam lutes !!!

segunda-feira, janeiro 23, 2006

After the ordeal

Tristezas não pagam dívidas ! Feche os olhos e escute ...


Genesis

Eleições

Para muitos hoje é um dia de luto. Cavaco ganhou !
Para mim, confesso que não fiquei supreendido ... nunca tive ilusões e acho que neste momento nenhum outro conseguiria vencê-lo.
Já o suportámos durante 10 anos de governo, agora temos o Sócrates que não é nada melhor.
Sinceramente a mim preocupa-me mais o Sócrates e a sua maioria absoluta.
Nas mãos de um mentiroso patológico, uma maioria absoluta é uma espécie de uma ditadura democrática (se é que pode existir uma ditadura democrática !).
Outro aspecto que me preocupa é o alheamento da juventude em relação não só á política, como ao que acontece no país.
Ontem quando fui votar, estava muita gente, mas não vi ninguém abaixo dos 30 anos.
É verdade que os candidatos tinham todos idade para serem seus avós ou bisavós, mas isso não chega para explicar tanto desinteresse !
O problema é o universo "maravilhoso", apesar de parasita da pós-adolescência. Mas sobre esse tema prometo falar em breve.
Daqui por uns anos quando os avós já cá não estiverem e os próprios pais, também já não estejam grande coisa, quem se irá ocupar deste país ?
Que responda quem souber !!!

sábado, janeiro 21, 2006

Serra da Estrela

(só para banda larga)

Viaje sem sair do seu lugar ...

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Planisfério Pessoal


Quero-vos falar hoje de Planisfério Pessoal, um livro de Gonçalo Cadilhe.
É um livro de viagens, um livro de emoções fortes, de horizontes vastos e sublimes, um livro sobre a vida que povoa este planeta fantástico onde nascemos.
O autor teve uma ideia, que parece simples e se revela afinal de uma enorme complexidade e riqueza: dar a volta ao mundo, sem utilizar o avião, por terra e pelo mar, de camioneta, cargueiro, à boleia, comboio ou lancha, a pé ou de carro.
Começamos a ler e rápidamente mergulhamos totalmente na viagem, nas descrições curtas, que nos sabem a pouco e damos por nós a sentir vontade de ficar um pouco mais em cada um daqueles locais, em conhecer um pouco mais algumas daquelas pessoas maravilhosas, a beber nelas a sua esperança de viver.
Por vezes a emoção tolda-nos a visão e as lágrimas indiscretas obrigam-nos a uma pequena paragem, a um momento de reflexão, como este em que estou a escrever estas linhas. Afinal para quê tantos das nossas tristezas e mágoas existenciais ?
Somos no fundo uns ignorantes, com pretensões estúpidas de sabedorias medíocres. O que conhecemos nós do mundo, para além da pequenez do nosso terraço ?
Como podemos permitir sentirmo-nos pobres, quando a comida não nos falta a cada refeição e as moedas nos pesam nos bolsos ?
Ouvimos falar do resto do mundo através das televisões, que nos controlam deliberadamente as emoções e se mesmo assim tudo é muito forte, mudamos de canal com a facilidade que advém da nossa condição de privilegiados.
Gonçalo Cadilhe quis ver com os seus olhos, sem intermediários nem encenações, puro e duro, com tanto de cruel como de maravilhoso, chocante e deslumbrante ao mesmo tempo e com todas as sensações à flor da pele.
Ainda não acabei de ler o livro, tento saboreá-lo em vez de devorá-lo ... mas para já uma pergunta martela na minha cabeça: Como conseguiu ele voltar ?
Como conseguiu integrar-se de novo neste quotidiano mesquinho e pequeno ?
Como conseguiu suportar a tristeza nacional e tamanha mediocridade ?
E daí talvez seja eu que esteja a ver mal as coisas ... talvez esteja a ver o “filme” com o desconforto de quem já não suporta a cadeira onde está sentado à tantas horas ...
Talvez ...
De qualquer forma não posso deixar de recomendar a leitura deste livro.
Vá lá. Apague a maldita televisão, ponha a sua música preferida e deixe-se levar ... a conhecer este mundo maravilhoso e tremendo, a que chamamos Terra ...

quarta-feira, janeiro 18, 2006

terça-feira, janeiro 17, 2006

O fiel jardineiro


Há já muito tempo que um filme não me marcava tanto !
Arrasador !!!
Onde a ficção encontra a realidade ...
Para nós que nascemos no lado cor de rosa do mundo, é importante saber como é lá do outro lado ...
E da próxima vez que formos à farmácia, convém não esquecer que aquela "droga maravilhosa" que nos cura e alivia é feita com sangue, sofrimento e lágrimas, de muitos inocentes ...
Fundamental, não perca !!!

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Crise, ou talvez não!

Portugal é não só o país mais pobre da Comunidade Europeia, mas é também sobretudo aquele onde as desiguldades são maiores.
Por outras palavras, as estatísticas mostram que os ricos são cada vez mais ricos, ao mesmo tempo que os pobres são cada vez mais pobres ...
Passo a explicar: enquanto as grandes empresas privadas têm dos maiores lucros de sempre, os pobres vivem cada vez com ordenados mais baixos e com o desemprego a crescer todos os dias; enquanto os gestores e altos quadros têm ordenados cada vez melhores, carros de luxo e outras mordomias, do outro lado aqueles que vivem apenas do seu trabalho vêm o poder de compra a baixar, as urgências hospitalares e as escolas remotas a fechar e as facturas a subir todos os meses.
O mesmo estudo diz também que as desigualdades aumentaram desde 2001.
Ou seja os políticos que nos enganam todos os dias, têm contribuído para encher os bolsos dos ricos, com o dinheiro que roubam aos pobres !!!
A crise tem sido o pretexto perfeito para nos sacanearem e nos chularem ...
PS e PSD são iguais pelo menos numa coisa: ambos têm roubado, mentido e agravado as injustiças e a miséria ...
A democracia foi varrida para debaixo do tapete !!!
Vá, votem mais neles, votem ... e tenham a carteira preparada, porque a maior parte da factura ainda está por pagar !

sábado, janeiro 14, 2006

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Pedido de demissão

Exmo. Sr Director do jornal ....
Há vários anos que sou leitor assíduo do vosso jornal, comprando-o regularmente.
Venho por este meio pedir a demissão de leitor do jornal ... a partir da presente data.
Nos últimos tempos tinha vindo a notar que a leitura do vosso jornal me deixava deprimido, triste e sorumbático.
Há já algum tempo que o vosso jornal e todos os outros entraram numa competição desenfreada, a que eu chamaria o Campeonato Nacional da desgraça, tentando cada um apresentar notícias mais negras e terríveis que os demais. Parece que só o mal é que serve para vender e os vossos comentadores esforçam-se activamente por apresentar um panorama cada vez mais negro, como abutres que pairam nos ares, à espera do momento de abocanhar a presa moribunda.
Se Portugal está pálido, não ajuda mesmo nada dizer-lhe que está quase a morrer… não contribui para melhorar a sua auto-estima, antes pelo contrário só o irá colocar cada vez mais na fossa, liquidando por completo todo e qualquer tipo de esperança, aquela que é afinal a força motriz para sairmos da crise.
E depois, recuso-me a acreditar que no dia a dia, nada de positivo aconteça neste país ... só que não é noticiado, porque alguém pensou estupidamente que a desgraça e o mal, vendem mais, contribuindo assim para aumentar as tiragens.
É verdade que a nossa situação económica não vai bem, mas em contrapartida vivemos a enorme felicidade de não estarmos em guerra, essa sim a maior de todas as desgraças.
Temos a mania de só nos compararmos com os bons, os ricos e os poderosos ... então e se reparássemos nos países pobres e miseráveis deste mundo, nos países que vivem há anos dilacerados por guerras intermináveis, nos países vítimas de catástrofes naturais ... então não estamos melhores, que todos esses ?
Porque é que invejamos o nível de vida dos suecos e não invejamos a miséria e a fome de Angola ou da Etiópia ? Porque é que invejamos a superioridade dos Americanos e não invejamos a guerra na Serra Leoa, ou no Congo ? Porque é que desejamos o bem estar material dos Suíços e não desejamos a anarquia e confusão que impera na Somália?
Será que é tudo tão negativo neste país ? Onde está a nossa memória ? Já se esqueceram que tivemos uma guerra colonial, que durou 14 anos e que sugou irremediavelmente todos os jovens em idade de combater ? Já se esqueceram que tivemos uma inflação de 20% ao ano e que superámos essa situação? Já se esqueceram que tivemos um rei adolescente, que foi guerrear para Marrocos (na altura não havia Playstation) e deixou o país órfão e abandonado ? Já se esqueceram que houve um terramoto, que arrasou a capital e grande parte do país e que renascemos das cinzas ?
De todas as vezes, Portugal conseguiu levantar-se, renascer e seguir em frente. Porque não há de consegui-lo também agora ?
O vosso jornal e todos os outros, assumiram o papel de velhos do Restelo e sinceramente já não há pachorra !!!
Os media (em geral) são alguns dos principais culpados da depressão que assola Portugal !
Por isso decidi que não volto a comprar o vosso jornal (nem qualquer dos restantes, confesso). Vou guardar esse dinheiro, para comprar livros ! … livros que me entusiasmem, livros que me dêem esperança … livros que me deixem bem disposto ! … livros que me façam rir e me dêem alegria …
Cumprimentos e votos de que acordem a tempo, de salvar a vossa nobre profissão.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Lusitânia

Epitaph

dos King Crimson

Delicioso !!! ouçam isto.

terça-feira, janeiro 10, 2006

Condecorações

No mesmo dia em que o governo ameaça deixar de pagar reformas, daqui a 10 anos, o nosso desastrado Presidente da Républica prepara-se para condecorar Belmiro de Azevedo.
Para quem não saiba, Belmiro de Azevedo é só o homem mais rico de Portugal .... será por isso que é condecorado ?
As medalhas custam dinheiro, o nosso dinheiro, o dinheiro dos nossos impostos ... o dinheiro que estas bestas andam a desperdiçar ( bestas foi a palavra mais "soft" que consegui arranjar, para exprimir a minha indignação !!!).
Se o Dr. Sampaio não sabe o que fazer com as medalhas, que as vá vender para a feira da ladra, para assim diminuir o orçamento de muitos milhões, que nos custa todos os anos.
A seguir, se sobrarem mais algumas, porque não condecorar o Castelo Branco ou o Bibi , pelos relevantes serviços prestados á nação ...
Quando será que o povo português acorda e manda estes gajos para o caixote do lixo da história ? ....

domingo, janeiro 08, 2006

Kids



sábado, janeiro 07, 2006

A Geração Playstation

Todos nós sabemos como é difícil hoje em dia ter filhos. A dura situação económica do país, o emprego e a carreira das mulheres, os pequenos apartamentos em que vivemos, os casamentos e a “vida a dois” a começar cada vez mais tarde, a falta de tempo, são alguns dos principais motivos, que levam a que as famílias sejam cada vez mais pequenas.
Alguns casais optam até por não ter filhos, utilizando as poupanças económicas (quando as há) em viagens, ou bens materiais, situação impensável há algumas gerações atrás, pois tal significaria que a mulher era improdutiva, uma espécie de meia-mulher, sendo até motivo de separação e de uma certa exclusão social.
Outros casais, a larga maioria, opta por ter apenas um filho, deixando para um futuro, que nunca mais chegará, a vaga promessa de “mandar vir” outro. São os filhos únicos, verdadeiros príncipes herdeiros, em todas as acepções do termo, que cedo se apercebem da sua condição “real”, começando a se comportar como tal, muitas vezes antes ainda de começarem a andar ou a falar. Sendo os únicos, eles são o foco de todas as atenções dos pais, adorados e apaparicados pelos avós e restante família, inundados de brinquedos e ofertas.
Antigamente quando as famílias eram grandes e tinham muitos filhos, cada novo “inquilino” que chegava, era certamente festejado (os filhos eram considerados a riqueza da família), mas não lhe era dado nenhum papel exagerado, ficando muitas vezes debaixo da “tutela” de algum irmão, ou irmã mais velha, que o começava logo a educar, sem mariquices, nem mordomias. Além disso, começava logo desde cedo a brincar com os irmãos, habituando-se desde o principio a uma saudável convivência social, submetida a regras e hierarquias, mais ou menos justas.
Agora não, os novos reizinhos, são verdadeiramente quem manda lá em casa. E se o seu poder é contestado, os choros estridentes e as birras teimosas, são formas de pressão extremamente eficazes. E depois, se mesmo assim os pais conseguem sustentar a negativa, há ainda a possibilidade de recorrerem aos avós, que já gastaram todo a sua severidade, no seu tempo próprio e agora estão plenamente dispostos a satisfazerem todos os desejos, dos seus netinhos.
Por outro lado os pais, sobrecarregados com trabalho, repletos de stress e preocupações, com manifesta falta de tempo, a que se junta nalguns casos uma enorme falta de vocação, só podem é ceder … mais tarde ou mais cedo!
A isso se junta a natural ambição, que os pais tem de proporcionarem aos seus filhos, o melhor possível ... só que na maior parte dos casos, isto traduz-se em inundarem-nos verdadeiramente de bens materiais, descurando muitas vezes a parte emocional, a ética e sua obrigação de os preparem realmente para a vida, dando-lhes a educação necessária, com tudo o que isso implica de sacrifícios, tarefas horrorosas e regras chatas, mas indispensáveis a uma saudável convivência social.
Depois, como geralmente ambos os pais trabalham fora de casa e os avós não moram lá, a criança desde cedo tem que ir para infantários, creches a ATL’s, onda passa largas horas dos seus dias. Aqui, apesar das vantagens importantes, que decorrem da convivência social com outras crianças da sua idade, tem por outro lado a desvantagem do seu desenvolvimento, se estar a processar fora do controle e da orientação dos pais.
Ao fim do dia, quando criança e pais chegam finalmente a casa, a mãe irá provavelmente para a cozinha, carpir as suas mágoas entre tachos e panelas e o pai, ou ainda não chegou a casa do trabalho (malditos horários flexíveis !), ou se já chegou vem pouco mais que arrasado, desejoso de “vegetar” um pouco à frente da televisão, ou navegar na Internet. A criança necessita e exige atenção, mas é pouco provável que a tenha, ou pelo menos com a duração e a intensidade que necessita.
Há muitos anos atrás, as crianças saiam para a rua, vigiadas por algum irmão mais velho, jogavam à bola em encontros excitantes, com os vizinhos do bairro, andavam de bicicleta em liberdade, jogavam às escondidas, ao berlinde e ao peão e quando voltavam para casa, vinham cheias, cansadas e satisfeitas … eram felizes de outra maneira ! Agora, as cidades pertencem aos carros, que inundam os passeios e as estradas, a insegurança é real e os noticiários estão cheios de histórias de violência, raptos e violações … o antigo campo da bola, foi substituído por mais um arranha céus e a antiga mata, deu lugar a mais um Centro Comercial . É perigoso irem para a rua e os pais já não os deixam sair de casa !
Então como ocupar os tempos livres e a enorme energia das crianças ?
É aqui que a tecnologia dá a resposta : A televisão que os hipnotiza e embrutece, o computador e principalmente os JOGOS !!! verdadeiros “baby-sitters” electrónicos, que tomam conta e entretêm os nossos filhos !
Com eles, as nossa crianças ficam distraídas, caladinhas que nem se dá por elas e já não chateiam !!!
Pouco a pouco, elas vão penetrando neste mundo virtual, em que tudo é possível e que estimula os seus sentidos, sem sequer se levantarem da cadeira.
Tornam-se membros efectivos da Geração Playstation !!!
A Geração Playstation está verdadeiramente noutra …. O seu mundo é virtual e fantástico ! Nele tudo é possível, as hipóteses de se conseguir o que se quer são infindáveis, as vidas são infinitas e não há verdadeiramente limites, para nada !!!
A Geração Playstation só tem direitos, não tem deveres …
A Geração Playstation não gosta de História, ou Geografia, que seca ! É bem melhor desancar uns inimigos no Tomb Raider !
A Geração Playstation odeia Matemática, que merda ! É bem melhor acelerar de prego a fundo nas pistas de Indianápolis, ou Mónaco, ao volante de um formula 1, do último modelo !
A Geração Playstation não cumprimenta ninguém, que seca! Lá me fizeram tirar os olhos do jogo e o Dark Vader, destruiu completamente a minha nave espacial.
A Geração Playstation não faz a cama, nem arruma o quarto, que jeito, somos criados ou quê ! Para isso está lá a escrava da mãe, ou a empregada do leste.
A Geração Playstation exige novos jogos todos os meses! Os velhos já não dão pica e se os pais não tem dinheiro, que se desenrasquem, isso é essencial á sua sobrevivência … senão armam tal desatino lá em casa, de consequências imprevisíveis.
A Geração Playstation não gosta de passear, nem de ir visitar a família, ou os amigos dos cotas. Uma seca ainda maior! Só se lhes comprarem um Game Boy, ou uma Playstation móvel, para levarem e mesmo assim, quando chegados ao destino, comportam-se como umas múmias trombudas, sempre com aspecto chateado, só ligando verdadeiramente aos seu aparelhos portáteis.
A Geração Playstation exige telemóvel de último modelo, para poder estar em permanente contacto com os seus amigos e parceiros de jogo e os pais que os carreguem com um crédito generoso, senão gasta-se num instante … Há é verdade, já me esquecia, com câmara fotográfica e de filmar de preferência, senão vão ficar tristes e sorumbáticos, sendo certamente os mais infelizes lá da turma .
A Geração Playstation não faz trabalhos de casa. Essa é uma violência para com as crianças, que devia ser proibida. È muito melhor praticar artes marciais, lá no Body Combact e desancar os oponentes, com requintes de violência.
A Geração Playstation não quer saber de política, ou dos problemas da sociedade e do mundo. Isso são problemas dos adultos, eles que os resolvam ! E não os chateiem com queixas ou lamúrias.
A Geração Playstation não se preocupa com o futuro. Para quê, se o presente já tem tudo o que eles querem ! Só sabem que querem ser muito ricos, ter um grande carro e uma alta casa, recheada com tudo de bom e do melhor. Como o vão conseguir, não interessa, nem fazem a mínima ideia !
A Geração Playstation foi criada por nós, é uma construção nossa !
É bom que possamos reflectir sobre o que estamos a fazer … e onde tudo isto nos leva ….De boas intenções, está o mundo cheio …. Os resultados estão à vista !!!

(dedicado ao Rafael, um míudo feliz, sem Playstation)

quinta-feira, janeiro 05, 2006

O bombeiro só dorme quando todos os fogos estiverem apagados ...

terça-feira, janeiro 03, 2006

O Padrinho



O Padrinho não dorme, medita ...

O Padrinho não é corrupto, corrompe ...

O Padrinho não é rico, apenas remediado ...

O Padrinho não é gordo, apenas cheio de sabedoria ...

O Padrinho não é velho, apenas múmia ...

O Padrinho não é otário, quer apenas que os outros sejam ...

O Padrinho não gosta de diamantes, apenas do Savimbi ...

O Padrinho tem uma fundação, os portugueses sustentam-na ...

O Padrinho é português, todos os outros já emigraram ...

segunda-feira, janeiro 02, 2006

A Cura (6ªparte)

Até agora a sorte tinha estado do seu lado e tinha conseguido alcançar todos os objectos que o Professor Bambu lhe encomendara. Faltava o último e realmente não tinha muito tempo para o conseguir pois prometera entregar o táxi no dia seguinte.
Lembrou-se vagamente, de ter lido qualquer coisa sobre o personagem, numa daquelas revistas da moda e dirigiu-se para o bairro fino, onde morava o dito cujo.
E agora o que iria fazer ? Certamente que se lhe batesse à porta o homem não lhe iria dar o fio dental assim de qualquer maneira.
Estava ele envolto nos seus pensamentos quando um homem esbaforido, vestido de cores berrantes e muito pintalgado, se atravessou à frente do táxi, obrigando-o a fazer uma travagem de emergência.
--- Táxi, táxi, berrava o sujeito, acenando com o braço direito, enquanto o esquerdo segurava o casaco de peles de encontro ao peito.
Num ápice o homem contornou o táxi e entrou para o banco de trás, acompanhado de um matulão, com cara de menino de coro e braços musculados, cheios de tatuagens.
Ia protestar, dizendo-lhes que o táxi estava fora de serviço, quando olhando pelo retrovisor, viu com enorme espanto, que quem se instalara no banco de trás, era nem mais nem menos que aquele artista, o Castelo Tinto, acompanhado daquele actor dos filmes porno brasileiros, o Alexandre Truta. Realmente os anjos estavam com ele, pensou.
--- Que sorte ter encontrado um táxi vazio, exclama o sujeito, com aquela voz amaricada. Leva-nos para o Guincho, querido.
--- Concerteza, exclamou Portugal, pondo o táxi de novo em andamento.
E lá foram, serpenteando por entre o transito Lisboeta, que fluía com alguma dificuldade.
No banco de trás a conversa ia animada:
--- Aí homem, estás cada vez mais gostoso, dizia o conde, enquanto apalpava os músculos do outro.
--- Você me faz cócegas, cara, não seja tão meloso assim, olhe que o motorista está vendo, replicava o matulão.
--- Quero lá saber, você me dá cá uma fome, querido, exclamou enquanto despia o casco de peles. E o que é que é este inchaço que você tem aqui, querido, afirmou continuando a tirar a roupa.
--- É melhor parar, cara, olhe que eu não respondo por mim, suplicou o matulão, contorcendo-se perdido com cócegas.
Passado um pouco o táxi tremia por todos os lados e não era dos buracos da marginal, enquanto peças de roupa voavam pelo ar, nas traseiras do automóvel.
Que depravados, pensou Portugal escandalizado, olha-me só estes gajos !
Por fim chegaram ao Guincho e o táxi estacionou num canto da praia, deserta àquela hora da tarde.
--- Chegámos, querido, vamos dar um banho “au naturel”, é demais, exclamou o sujeito, abrindo a porta do táxi e correndo todo nu para dentro de água, logo seguido pelo brasileiro, também tal e qual como tinha vindo ao mundo.
Portugal olhou para o banco de trás do táxi, viu por entre o caos de roupas espalhadas, a cueca fio dental do artista e pensou: --- Já tenho o que quero.
Saiu do táxi, retirou toda a restante roupa, que deixou pousada na areia da praia e arrancou com o táxi, feliz da vida.

(continua)