quarta-feira, março 07, 2007

O dia da mulher

Numa sociedade ainda dominada pelos homens, seria teóricamente salutar que houvesse um dia da mulher.
Por mais que não seja para chamar a atenção para a condição de muitas mulheres, vítimas de exploração, maus tratos, violência doméstica e descriminação sexual.
Infelizmente não é isto que se passa no Portugal de hoje.
O dia da mulher é mais uma recriação comercial, mais uma oportunidade de consumo, como também o são o dia dos namorados, o dia da mãe e do pai e até o Natal.
Neste dia os Media bombardeiam as mulheres com todo o tipo de propostas, fortalecem-lhes o ego, na proporção inversa do que fazem nos restante 364 dias do ano, distribuem ilusões, piropos e dão-lhes bastante graxa.
Muitas mulheres, caem no engodo ... enchem o ego até quase rebentar, vestem os vestidos de festa, deixam os maridos de pantufas, fechados em casa, frente á televisão ... e saem á rua em hordas delirantes, ocupando restaurantes em jantares ruidosos e bem regados, invadindo discotecas, onde os únicos homens permitidos são os do strip masculino ... numa imitação do poder masculino, só que agora de sinal contrário ...
É ridículo, muito foleiro e uma grande fantochada ....
Principalmente porque no dia seguinte, para além de um grande ressaca, tudo volta á mesma de antigamente ... e a mulher continua a sofrer dos mesmos problemas, violências e humilhações ...
Felizmente que há muitas mulheres, que conseguem perceber o absurdo destes dias da mulher e entendem que a igualdade, a liberdade e a não discriminação, constrói-se no dia a dia, em casa, no trabalho e na sociedade.

4 Comments:

Blogger Nakata said...

Faço deste comentário, um comentário duplo, ao do "dia da não televisão" e ao do "Dia da mulher"... Eu sou daquelas pessoas fundamentalmente anti-dias nacionais/internacionais de qualquer coisa, pois são os descargos de consciência pela falta de atenção que damos aos problemas nos restantes dias do ano.
Embora tenha consciência do problema que referes em relação à televisão, tão mais grave porque vivemos num país onde se passou de uma cultura oral (nos tempos dos 50% de analfabetos), para outra cultura oral (a da televisão), de forma abrupta, sem uma transição demorada em que as letras dominaram, não acredito muito nessa tese da droga. Acredito no sentido crítico das pessoas e na possibilidade de escolha e, pelo menos eu, não papo programas hipnotizantes, acriticamente, sem pensar no que estou a ver, engulindo o que me dão a comer...
Quanto ao dia da mulher, também acho que é mais uma fantochada para conseguir vender auto estima de plástico, convencer as mulheres de que os seus problemas são tidos em conta, etc.
No entanto, a situação não é tão negra como a pintas. Falas um pouco da boca para fora, pois se vires objectivamente a evolução do lugar da mulher na sociedade, nas últimas décadas, a verdade é que estas têm vindo a tornar-se cada vez mais autónomas, cultas, cada vez menos descriminadas, adquirindo cada vez mais poder...
Basta olhares para a evolução da distribuição sexual da população de estudantes universitários, para perceberes que estás a veicular uma ideia feita que não corresponde bem à realidade.
É verdade que ainda vivemos numa sociedade machista, meu amigo, mas as coisas estão a mudar (não graças aos dias das mulheres e iniciativas similares), mas sim à sua força e capacidade de trabalho, à mudança das mentalidades, etc.
As coisas não são bem como dizes, embora ainda estejamos longe de ter um mundo perfeito...
Oprimidos haverá sempre, mas a realidade estatística mostra-nos que isso depende cada vez menos do teu género sexual
Um abraço

8/3/07 11:24  
Blogger Unknown said...

No que diz respeito á televisão, se dizes que tens um espírito crítico e só vês o que queres ... eu digo, ainda bem! , mas acho que não é isso que se passa com a larga maioria das famílias. Basta olhares á tua volta, para famílias de amigos e conhecidos e logo verás certamente ao que eu me quero referir.
Quanto ao dia da mulher concordo contigo em grande parte. Alíás eu não queria transmitir a ideia que a situação da mulher, estava tão má assim. Tem havido indiscutívelmente grandes avanços nos últimos anos. Mas persistem ainda situações de injustiça e descriminação.
O que eu quis falar foi sobre o dia da ... e o seu aproveitamento consumista e hipócrita, que só serve para encher a barriga a donos de restaurante e discotecas.
Um abraço

8/3/07 16:48  
Anonymous Anónimo said...

Eu não sou contra dias de isto e daquilo... depende. Reconheço que é um bocadinho totó, mas por outro lado muitas vezes esses dias servem para se fazer um balanço relativamente aos progressos e revezes das causas que defendem; ou então servem como meta para x objectivo...
O problema, na minha opinião, do dia da Mulher e todo o ridículo do qual se imbuiu tem que ver com o facto de já se ter atingido uma situação minimamente razoável... e pelos vistos para a maioria parece que basta!!!
Sendo assim, como é que essas mulheres de que falas no teu post celebram? Não cozinham nesse dia e, pela única vez no ano, são elas que saem deixando os seus machos em casa. (hummm!! que bela maneira de reivindicar direitos ou apontar injustiças...)
E depois queixam-se o ano inteiro dos machões preguiçosos que têm em casa (sim, porque é disso que se trata, o grande problema das mulheres, aquilo de que elas mais se queixam - divisão das tarefas domésticas)... e esquecem-se que burro velho dificilmente aprende línguas.
Com isto quero dizer que uma boa parte dessa energia poderia ser canalizada na educação dos filhos machos, para que em adultos não sejam também uns machõezinhos a sair ao pai.
E também na educação das filhas fêmeas, para que sejam mulheres de personalidade forte e interventiva, recusem a subserviência (e convites para jantar no seu dia :)


S.R.

9/3/07 14:50  
Blogger Celia Luz said...

Não nos podemos esquecer porque é que este dia é comemorado. Caso não saibam passo a cotar: "História do 8 de março

No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.

A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.

Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Objetivo da Data

Ao ser criada esta data, não se pretendia apenas comemorar. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história."
extraído do site: http://www.suapesquisa.com/dia_internacional_da_mulher.htm

Esta é a razão do dia e da comemoração, quem faz desse dia uma palhaçada é porque não tem o minimo respeito, por aquelas mulheres que morreram queimadas e por tantas outras que sofrem injustiças por esse Mundo fora. As mulheres que vão para a rua fazer fantochadas deste dia são umas infelizes que aproveitam esses dias para sair sem o marido porque não são felizes e não têm a coragem para mudar o que está mal.

9/3/07 23:29  

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