O dia da não televisão.

A televisão é uma droga.
É até uma das mais perniciosas e terríveis, das muitas drogas que povoam a nossa sociedade do século XXI.
É o supremo manipulador das nossas consciências, que nos vai moldando subtilmente, de uma forma terrivelmente eficaz. Ela diz-nos o que devemos comer, o que devemos vestir, que bens devemos adquirir e consumir . Ela diz-nos como devemos pensar, o que está certo e o que está errado. Ela constrói os nossos heróis e mostra os nossos vilões. Ela determina os medos, as modas, os sonhos e os desejos.
Ela promove pessoas e destrói outras, de acordo com os interesses vigentes no momento.
Ela é o “instrumento supremo” do Big Brother, sem rosto, a que determina o que é aceitável e o que é rejeitável.
Ela é o mais eficaz vírus das sociedades modernas, a que poucos, muito poucos conseguem resistir.
Sim é verdade que todos (quase todos) somos dependentes dela, somos tele-dependentes, em maior ou menor grau e não o vale muito a pena, tentarmo-nos iludir rejeitando esta ideia.
Senão vejamos: quantos famílias conhece o estimado leitor, que não tenham uma televisão em casa ? Provávelmente nenhuma, não ? Na maior parte dos casos, tem não uma, mas duas, três ou até quatro televisões (nalguns casos, só falta terem na casa de banho !!!).
Quero dizer desde já, para evitar confusões, que eu também tenho televisão, não me estou a excluir, desta reflexão.
Esta situação preocupa-me, não só por nós, mas principalmente pelas crianças, pelos nossos filhos, que já nasceram à frente da televisão, cresceram com ela e são hoje uns consumidores desenfreados, do ecrã “mágico”, passando intermináveis horas à frente dela …
A televisão por vezes faz-nos pensar, mas cada vez mais funciona como hipnotizante, já que muitas vezes nos conduz a uma atitude passiva, em que tudo nos é apresentado já devidamente “cozinhado”, sem margem para qualquer acto de criatividade ou de imaginação da nossa parte …
Isso é grave, muito grave … torna-nos seres cada vez mais passivos, corta-nos a imaginação e a criatividade e torna a nossa vida numa espécie de estrada de sentido único, com “shopping centres” de cada lado, onde nos resta a liberdade de consumir e trabalhar, para pagar mais consumos …
Por isso venho aqui propor-vos algo: O dia da não televisão !!!
Um dia inteirinho sem televisão ! Nada, rigorosamente nada ! Nem para o pai, nem para a mãe, nem para os filhos .
De preferência também um dia sem computador, Internet, ou Playstation !
Um dia diferente, que irá apelar à vossa imaginação e criatividade. Um dia para inventar outros passatempos, para andar de bicicleta, ou de patins, para irem todos (pais e filhos) fazer um passeio a pé, um dia para ler um livro, para fazer um desenho, uma pintura, uma escultura colectiva. Um dia para jogar um jogo, daqueles antiguinhos com um tabuleiro e peças. Um dia para ir até ao campo fazer um piquenique, para andar de canoa, para ir até à piscina mais próxima dar umas braçadas. Um dia para ir á praia e lançar o papagaio com o seu filho. Um dia para levá-lo ao museu, para irem ver a exposição, para irem ao Zoológico, ou ao Circo.
Enfim há uma imensidade de hipóteses, que já nos tínhamos esquecido!
Mas atenção, para o sucesso de tal medida há que criar uma estratégia. Pense bem no que vai propor como alternativa. Tente que a medida seja tomada num consenso familiar e não a imponha de forma “ditatorial”. E não se esqueça, que os adultos tem que dar o exemplo e não podem fazer batota.
Experimente fazê-lo uma vez, sem qualquer prazo ou regularidade, para não assustar.
Se der resultado, tente gradualmente torná-la mais frequente, até conseguir chegar a uma situação “ideal” de fazê-lo uma vez por semana, num dia fixo.
Faça tudo isto, sem stresses e com muita criatividade.
Arrisca-se a que se torne maravilhoso, que seja esse o dia que os seus filhos e você vão recordar e não os outros, em que todas as tecnologias, estão ligadas, lá em sua casa.
Vá lá experimente ! Aprecie ! Goze a sua liberdade, sem intermediários !
E depois diga-me como foi … gostaria de saber ….