quinta-feira, março 15, 2007

Sociedade de consumo

Temos demasiadas coisas ! Levámos anos e anos a acumular bens materiais, a maior parte coisas fúteis, de valor mais ou menos duvidoso, porque fomos educados naquela maldita ilusão de que um dia, aquele objecto iria fazer falta para qualquer coisa … iria ser útil para algo … mentira !!! não só provavelmente nunca servirá para nada, como até se algum dia nos ocorrer alguma utilidade para ele … irá ser de todo impossível encontrá-lo, perdido que está na imensa “floresta virgem” de toda a quinquilharia que fomos acumulando durante toda a nossa vida !!!
Quando por vezes nos dispomos a lançar mãos à obra e tentar desfazer-nos de parte dessas “toneladas”, somos frequentemente confrontados com o rídiculo de termos guardado isto, ou de termos juntado aquilo … mas geralmente o apelo da razão é breve e rapidamente ignorado, para pouco depois nos lançarmos novamente na tarefa de acumular mais uns largos kilitos de lixo, ou pelo menos “quase Lixo” … e brevemente a estante ou o armário que conseguimos vazar, estará de novo tão cheio, ou mais do que anteriormente.
Este esforço de acumulação, esta sede de possuir é uma das principais características das sociedades modernas. Ocupa uma parte cada vez mais considerável do nosso tempo, já que o caos, que se instala, obriga-nos a arrumar e a organizar, cada vez mais frequentemente.
Vivemos angustiados, porque já não cabemos nas nossas casas e muitos acabam por se endividar para comprarem casas maiores, onde possam meter mais coisas, mais … mais!
Não compreendemos, ou não queremos compreender que esse é um círculo vicioso, sem solução, já que quanto maior for a casa, mais coisas lá meteremos !!!
E depois quanto mais temos, maior é a angustia de virmos a perder, tudo isso que fomos diligentemente juntando . Receamos ser roubados, inundados, incendiados e passamos a coleccionar trancas, fechaduras e sistemas de segurança.
Chega a um ponto em que já não possuímos coisas, ou bens materiais … somos possuídos por elas !!! … Os bens que temos, tornam-se na realidade donos de nós !!!
Por isso tudo, cada vez sinto mais que a suprema liberdade é nada ter !
Ou pelo menos ter só aquelas coisas essenciais, que possam caber numa mochila, ou numa mala, facilmente transportável … cujo peso, não nos machuque as costas, e não nos entupa a alma !!!
O que vale mais a pena, não pesa nada, nem ocupa espaço …
A capacidade de ser feliz e de gozar a vida na sua plenitude, não depende do que possuímos … tem muito mais a ver com aquilo que somos, ou que conseguimos ser …
Utopias !!!! sem dúvida ! … Não deixam por isso de ser verdade ! ….

3 Comments:

Blogger Celia Luz said...

Tens toda a razão, eu por acaso penso muito nisso. Por viver no estrangeiro, algumas vezes dou volta ás minhas quinquilharias e farto-me de encontrar papeis e mais papeis que guardo de recordação ou porque têm escrito algo que não me posso esquecer, bilhetes de avião e comboio, etc. Só lixo que acabo por jogar fora e pensar que tenho que me desfazer de muitas coisas para puder um dia regressar a Portugal. Dou comigo a pensar: que acumulo muita tralha que não me faz falta. Revistas com artigos interessantes ou porque são em português etc. De qualquer maneira estão sentadas nas gavetas e nunca me predisponho a lê-las outra vez. Brevemente vou dar outra reviravolta e jogar mais coisas fora, é a vida!

15/3/07 21:38  
Blogger Nakata said...

A quem o dizes, João. Não há como uma mudança de casa para percebermos a razão que tens nas palavras que aqui escreveste.
São tantas as coisas que se deitam fora e, ainda assim parece que continuam a ser demais...
Deve ser difícil, porém, pensares assim vivendo com a companheira que tens, com uma tão grande pulsão para juntar objectos... (se calhar foi daí que nasceu o desabafo, não)...
Enfim... no meu caso, a mudança está feita, vivo agora rodeado de caixotes e coisas ainda sem lugar certo, à espera de novamente irem ocupar um lugar qualquer na minha vida... Muitas mais, se calhar, apenas têm lugar no contentor do lixo... a ver vamos!
Um grande abraço
RV

19/3/07 11:39  
Blogger ko said...

somos a tentativa de musealização da nossa parafernália. mas não há tempo, não há espectadores, não temos o espaço, não teremos todo o poder de sintetizar estas variantes. é bom pensar que podiamos ser tipo voyager só com algumas pequenas pérolas, ou tipo budistas só connosco e percariadade. mas as vidas têm muitos segredos. o pior talvez seja sermos ou estarmos doentes...

24/3/07 11:09  

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