sábado, março 18, 2006

Cotas

Comemorou-se há uns dias atrás o Dia Internacional da Mulher. Acho estes dias um imenso disparate. A sua existência tem únicamente objectivos comerciais evidentes e parece indicar que os outros 364, serão então os Dias do Homem ... (bem vistas as coisas, na realidade são !...)
A sociedade portuguesa continua a ser profundamente machista e racista! Houve no entanto uma alteração, em relação a algumas décadas atrás: é que agora tais atitudes já não são politicamente e socialmente correctas, pelo que actualmente o machismo e o racismo existente, sobrevivem algo disfarçados, mascarados até de progressistas e igualitários .
Poucos homens assumem hoje frontalmente o seu machismo e racismo, de jeito nenhum! .... o que não quer dizer, que lá no fundo não continuem a sê-lo ( como dizia o tal fado: "nem às paredes confesso ...").
Isto vem a propósito da existência ou não de quotas, para as mulheres no Parlamento.
Digo já a minha posição: concordo com a existência de quotas, mas discordo da percentagem proposta. Acho que não devia ser 30%, mas sim 50%. Nem mais, nem menos.
E não venham cá com tretas, de que as mulheres deviam ascender pelo mérito, etc, etc....
É que o mérito, já há muito que elas o tem ... só que na hora da verdade, os homens que são quem tem o poder de decisão, acabam sempre por escolher outros homens, para os lugares do topo, nas empresas, nos partidos e na governação.
Seria interessante termos uma mulher como chefe máximo da PT, ou da Caixa Geral de Depósitos, ou primeiro ministro.
Apenas uma última ressalva: Por favor, a Manuela Ferreira Leite, não !!! nem esta ministra da Educação (que eu me recuso a fixar o nome).
Outros países como por exemplo os escandinavos, tem dado à mulher o papel que realmente lhes pertence, na vida pública ... e com bons resultados.
Aqui em Portugal, estamos ainda muito longe de ver isto a acontecer ...

11 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Acho que essa tua ideia peregrina é apenas uma provocação para a participação das senhoras no teu blog. Falo das cotas. Não acredito que penses que alguém deva assumir um qualquer cargo só porque nasceu mulher. Imagina o desastre que pode ser colocar uma senhora idiota num cargo de responsabilidade. Claro que há idiotas em todo o lado, e talvez em igual percentagem em ambos os sexos, mas não faz sentido preencher lugares com gente que não tenha previamente demonstrado valor e competências. Seja no Parlamento ou noutro lugar.

É evidente que os homens dominam, e as vozes femininas fazem falta para equilibrar a coisa. Mas se as mulheres hoje não ocupam mais cargos de topo é também porque preferem estar com os seus filhos. Brincar e amar é muito mais agradável que trabalhar/discutir com gente na maioria chata. Com os homens será diferente, eles gostam de competir, e normalmente sentem-se pouco habilidosos com a primeira infância dos seus filhos. É a Natureza das coisas. Os homens avançam nas suas carreiras, e elas acabam por ficar para trás.
Há mulheres que até conseguem conciliar filhos/família e trabalho, mas regra geral tem um exército de gente que as apoia na retaguarda, avós, empregados, e dinheiro..., o nosso Estado nada faz para as ajudar.

Elas devem assumir os cargos a que tem direito e em igualdade de circunstâncias com o seus colegas homens. Doutra forma como poderão ser respeitadas as suas opiniões? E com que dignidade se pode ocupar um lugar que não se baseia na totalidade da pessoa, mas apenas num aspecto desta - o sexo neste caso?

Bjinhos__Paula ((( : P

19/3/06 20:48  
Anonymous Anónimo said...

Poucas criaturas serão tão "escravisáveis" pela moda como os políticos. Entenda-se a moda não apenas no sentido mais restrito de apresentação das suas tristes figuras, no que à vestimenta e à maquilhagem respeita, mas sobretudo na adesão acéfala a "modernas" correntes do pensamento dominante. É assim que todos apoiam entusiástica e (ou) hipocritamente a paridade entre sexos, o primado das barrigas delas, as políticas de juventude, a indispensabilidade do investimento público e, em geral, toda e qualquer medida que cheire a discriminação positiva, certos de que todos estes temas são garante de boa imprensa.
Lamento ter de discordar contigo, no que toca esta questão, de forma profunda, como aliás discordo de toda e qualquer forma de descriminação (positiva ou negativa), baseie-se ela na raça, opinião ou sexo... Assim como me chateia essa tendência corrente para comparar a realidade portuguesa à escandinavba, quando uma e outra são (e continuarão a ser, sempre) diferentes como a noite do dia. Num País de chupistas, habituados ao subsídio e ao exercício de um poder quase paternal de um Estado a quem imploramos que nos diga o que fazer e o patrocínio de nossas acções, quem me diz a mim que não estamos a criar uma nova classe de políticos fémeas, "filhas das cotas" de que o "mercado" não precisa?

20/3/06 11:58  
Blogger Unknown said...

Olá Paula
Fiquei de boca aberta com o teu comentário! Ainda se fosse de um homem, podia compreender (mas não aceitar)...
Em Portugal há cerca de 5 milhões de mulheres. Então tu achas que não há 100, suficientemente capazes e com qualidades para ser deputadas ?
Para além disso todos os anos formam-se mais mulheres do que homens, nas Universidades Portugueses. Então, nenhuma delas serve para chefiar grandes empresas ?
Quanto é tua opinião de que as mulheres preferem ficar com os filhos, em casa !!! isso é uma das afirmações mais machistas, que ouvi nos últimos tempos ... desculpa lá a frontalidade.
E mesmo que assim fosse, então e as mulheres que não tem filhos ? ou aquelas que tem só 1 filho, ou filhos já em idade adulta ?
Uma última coisa: não escrevo no meu blog, para obter comentários, nem nenhum dos comentários que cá estão são pagos, com dinheiro ou com favores!
Escrevo por 3 razões: --porque me dá prazer; -- porque quero recuperar o hábito de escrever; -- porque quero deixar este legado aos meus filhos;
Beijinhos

20/3/06 14:02  
Blogger Unknown said...

Olá Rodrigo
Respeito a tua opinião, mas discordo totalmente.
Não sou escravo, nem adepto de modas. Tento pensar apenas com a minha cabeça e exponho as minhas ideias, sem me preocupar com o políticamente correcto ou incorrecto.
Nesto caso penso assim e mantenho.
Se falei dos países escandinavos, foi porque já estive na Finlândia, trabalhei sobre a direcção de mulheres e gostei!
De qualquer forma a tua opinião reflecte a corrente dominante neste país e é por isso que elas irão continuar a ficar sempre atrás dos homens.
Já agora outra provocação:
Se o Cavaco fosse negro, achas que teria ganho na mesma ?
Um abraço.

20/3/06 14:12  
Anonymous Anónimo said...

Gostar de estar com os filhos não tem nada de machista! O problema é que Portugal não pode oferecer ás mulheres condições para estas poderem levar os seus bebés para o local de trabalho, e as mães tem que optar: ou continuam as suas vidas profissionais e largam as crias em infantários, ou suspendem-nas temporariamente e ficam em casa. Aqui há uns tempos vi na TV uma reportagem sobre os jovens e o casamento, onde se comparavam modos de vida entre o Norte e Sul da Europa: então tínhamos na Escandinávia casamentos com filhos aos 20 anos, e via-se os pais a levarem as respectivas crias para o trabalho, e depois tínhamos os jovens mediterrânicos, que vão adiando a sua vida familiar até aos 30, ou 40 anos. E mais, enquanto os nórdicos tinham bastantes horas de lazer, os outros tinham que manter mais que um emprego, para conseguirem alguma qualidade nas suas vidas. Bem, isto explica alguma coisa...
As cotas parecem-me uma solução forçada e concordo inteiramente com o Rodrigo quando diz “discordo de toda e qualquer forma de descriminação (positiva ou negativa)”. A introdução de cotas ainda levanta a questão: que categorias de gentes é que devem ser representadas? agora falamos de homens e mulheres, e amanhã que outras identidades/grupos? religiosas, étnicas, profissionais...etc...? Bem, seria um novo Parlamento com outro sistema que teria que ser reavaliado e repensado.
Em relação ao Cavaco “colorido” (ih! ih!), achas que este devia ganhar por ser preto, ou por demonstrar qualidades como indivíduo?
Quanto à escrita: dizes que gostas de provocar, mas será que reages positivamente ás provocações que os outros te fazem? (esta é pelas razões que invocas quanto ao prazer da escrita)
Bjinhos e até...((( : P ______paula

20/3/06 20:25  
Blogger Unknown said...

Olá Paula
Porque é não poderão ser os homens a ficar com os filhos em casa ? E será que os filhos deverão ficar em casa em vez de irem para a escola e socializarem com outras crianças ?
Aceito que o ideal seria os filhos poderem ficar em casa, nos 2 primeiros anos de vida, com a mãe ou com o pai, mas depois deverão ir para um local onde possam estar com outras crianças.
Não vejo portanto que esse impedimento temporário, possa ser um obstáculo, que impeça as mulheres de entrar na vida política e noutros locais de chefia.
Mas está descansada, tudo vai ficar na mesma, como a lesma ... e daqui a 20 anos ainda estaremos a discutir o problema, com os mesmos argumentos de agora e de há 20 anos atrás !... É assim Portugal.
Quanto á pergunta do Cavaco negro, queria-me referir ao racismo e á descriminação existente na sociedade portuguesa. Acho que nenhum negro conseguiria vencer uma eleição para presidente em Portugal. Ainda que fosse o Cavaco!
Quanto a eu reagir negativamente ás provocações, desculpa se te ofendi de alguma forma, mas não gostei da insinuação de que estaria a defender as cotas só para procurar elogios femeninos. Na realidade não procuro elogios de ninguém, já pensei até retirar deste blog a possibilidade de se fazerem comentários ... mas decidi não o fazer porque sendo a Net um espaço de liberdade, cada um é livre de não ver, não responder e até de me mandar à merda, se assim o entender.
Beijinhos

21/3/06 10:25  
Anonymous Anónimo said...

Grande João, não foi minha intenção chamar-te seguidista ou coisa parecida, quando o disse referia-me aos políticos, ou tens alguma dúvida de que a introdução da questão das quotas na agenda política se tratou de uma operação de charme politicamente correcta, sem grande capacidade (ou mesmo intenção) para mudar as coisas? Enfim, temos posições diferentes em relação a esta questão, é verdade, e embora eu goste de trabalhar com mulheres (por gostar da maneira como funcionam) sou contra qualquer tipo de descriminação, seja ela positiva ou negativa. Será que as mulheres que te chefearam na Finlândia chegaram aos cargos que ocupam por mérito próprio (o mais provável) ou por via da necessidade de preencher uma qualquer cota pre-definida externamente, pelo "grande pai" Estado? Se calhar não sabes, mas dúvido que a última hipótese seja a verdadeira. Neste momento preciso, à beira de ir almoçar e com o sol a brilhar lá fora, prefiro saudar a chegada da Primavera e assinalar o dia mundial contra a discriminação racial, em que é divulgado um estudo de 2005 onde se considera que o nosso Portugal dos brandos costumes é o quarto país mais racista da Europa (vi-o no Blog do José Adelino Maltez, mas não sei referenciar o Estudo) o que creio deve responder à tua pergunta sobre o Cavaco...
Acho que haverá problemas mais importantes para resolver no campo da descriminação do que a criação de cotas para o preenchimento de cargos políticos (por uma elite de gajas que já estão bem na vida, não são pretas e não têm, por exemplo, que fazer um aborto clandestino, por não ter conhecimento para evitar engravidar ou não ter condições para criar mais um filho)

21/3/06 13:02  
Anonymous Anónimo said...

Só agora li os comentários anteriores e queria apenas adicionar que não deves tirar a liberdade de comentar os teus textos. Se os expões publicamente, joão, acho que deves aceitar que os comentem com prazer, aliás, acho que uma das piadas deste blog, ao contrário de muitos que para aí andam é a de dar azo a discussões interessantes entre pessoas interessantes (modéstia à parte, he he) sem que as suas caixas de comentário se encham de parvoices ou de palmadinhas nas costas de amigos!

21/3/06 13:08  
Blogger Unknown said...

Está descansado Rodrigo, que os comentários vão continuar.
Ainda sobre as cotas: é evidente que isto é parte de uma campanha de charme do Sócrates, afinal metade dos eleitores são mulheres.
Mas isso não invalida, que alguma coisa deve ser feita, para mudificar a situação.
Os partidos políticos portugueses parecem-me cada vez mais uns clubes fechados, lembrando-me as histórias em quadradinhos, do Bolinha (na minha infância), com o seu clube, que tinha à porta um letreiro a dizer: Menina não entra!
Então tu não achas que em todo o Portugal, não haverá 100 mulheres, competentes e com mérito suficiente, para serem deputadas ?
Um abraço.

21/3/06 21:43  
Anonymous Anónimo said...

João, eu não me ofendi, e não sei se tu reagiste de forma negativa ou não... As “insinuações” como tu lhes chamas, eram apenas uma resposta provocatória, mas descontraída, ao que eu pensei ser também uma provocação.
Claro que há mulheres competentes, inteligentes, e com ideias, tantas ou mais que os homens, isso não está em causa. E depois João, eu concordo contigo, as coisas devem mudar, talvez não da forma que sugeres, essa ideia das cotas não me convence. Para engrossar a ideia defendida atrás, lembro-te que são elas que amamentam, coisa que os homens ainda não conseguem fazer. E esse pormenor é importante. Se contabilizarmos o tempo de 3 filhos mais leite materno e acompanhamento, dá pelo menos 3 anos e meio parada, sem trabalhar. Ora isso atrasa qualquer projecto profissional, e perdem-se oportunidades, que os homens, disponíveis aproveitam de imediato.
Mudando de assunto: Viva a Primavera!!! Já tinha saudades, aqui as andorinhas chegaram na semana passada, e eu adoro ouvi-las a gritar naquela velocidade estonteante. Trazem a promessa do Verão, e oh! como eu tenho saudades de um belo mergulho no oceano...
Bjinhos Bjinhos e até...
((( : ) Paula

22/3/06 00:21  
Anonymous Anónimo said...

Estive a ler os comentários todos e confesso que quando comecei a ler o primeiro (da Paula) pensei que era de um homem. O que se passa é que os homens em Portugal são machistas e a maior parte deles vai continuar a ser. Quanto ás mulheres, são culpadas porque os incentivam a ser machistas. Começa logo tudo pelas mãezinhas a fazerem tudo aos filhinhos em casa, depois casam e nem um ovo sabem estrelar, uma vergonha! Claro que as mulheres têm capacidades de liderar, não são elas que lideram nas suas casas? " Atrás de um grande homem está sempre uma grande mulher". Os homens é que têm medo de lhes dar o poder nos cargos politicos, por exemplo, porque elas são demasiado inteligentes e alguns iriam sentir-se inferiores. Quanto á história da amamentação, já foi relevante, hoje em dia já o não é, porque a maioria das mães já nem tem leite por muito tempo. Beijinhos

24/3/06 00:09  

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