quinta-feira, março 09, 2006

Bye, bye Sampaio

Não, não gostei do comportamento do cidadão Jorge Sampaio como Presidente da Républica!
Foram 10 anos de discursos tão grandiosos, como vazios ... 10 anos de Presidencias Abertas e mãos vazias .... 10 anos de censuras várias ás incompetências de governos, mas sem consequências para os mesmos ( foi preciso até surgir um Santana Lopes surrealista, para que finalmente Sampaio se decidisse a fazer alguma coisa !!!) ... foram 10 anos de condecorações a pontapé a todos os Belmiros e afins deste país ( mesmo assim sem conseguir bater o record do Rei Soares) ... foram 10 anos de viagens imperiais ao estrangeiro, com comitivas de dezenas ou centenas de amigalhaços e afins, sem que daí nada de bom alcançasse para Portugal (para além de aliviar a nossa carteira em mais alguns milhões.
Foi um Presidente "banana" , sem autoridade, uma espécie de Américo Tomás à civil (lembram-se ?). Não vai deixar saudades , nem ocupará muito espaço, nos futuros livros de História.
Fica com a imagem de um avôzinho simpático, mas ao qual ninguém dá muita credibilidade.
Esta sua postura, abriu espaço a um Presidente mais autoritário ... o que se segue !
A escolha foi feita pela maioria ... será que não se irão arrepender ? ...
A autoridade e a disciplina que o português exige ao vizinho, não é necessáriamente a mesma que ele está disposto a aceitar para si próprio ....
O futuro dirá se eu tenho ou não razão ...

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Na hora da partida do homem que, durante 10 anos, andou lá por Belém a derramar lágrimas por merdas sem interesse nenhum, qual jurista lamechas e funcionário público sem utilidade perceptível, a tomar decisões e a destomá-las, desajeitadamente, por da cá aquela palha, leva agora à publicação de toneladas de prosas analíticas sobre si próprio, umas a dizer mal, a maior parte elogiosas, mas todas desnecessárias.
O homem não fez nada de especial. Começou por tentar imitar o Mário Soares e acabou por mergulhar num cinzentismo, irrelevante e sem brilho, digno da mediocridade que constitui “ex-libris” nacional, deixando-se ir ao sabor da maré sempre que teve de decidir alguma coisa, contribuindo fortemente para a decadência da auto estima dos portugueses.
O homem até pode ser boa pessoa mas foi um mau presidente. Felizmente, acabou! Ao ser substituído pelo Cavaco, toda a gente que se diz de “esquerda” propôs-se a abrilhantar o seu desempenho, nem que fosse para passar por bem-pensantes defensores das classes mais desfavorecidas, e para denegrir à priori o freguês que se segue. Este, que não é jurista nem lamechas, embora tenha umas costelas de função pública, quer-me parecer que não será tão mau. E acho que isto é tudo o que sobre o tema é necessário dizer. E também só para assinalar... porque acho que a incompetência não me merece mais nada!
Fechou-se um ciclo que não teve nada de bom para o país e para a Democracia. O estado geral de descrença nas instituições e no nosso destino colectivo, enquanto nação, atingiu limites quase inimagináveis antes deste triste decénio - estou convencido de que apenas o facto de estarmos inseridos na UE nos salvaguardou de abalos maiores e de crises ainda mais angustiantes.
A "normalidade" só derivou do facto de estarmos integrados num amplo espaço de indiscutível estabilidade democrática, não de qualquer comportamento de Jorge Sampaio, por acção ou por omissão. A acção dos agentes políticos nacionais, com Jorge Sampaio à cabeça, dificilmente poderia obter resultados piores.
A lógica presente nos louvaminheiros de Jorge Sampaio, quase omnipresentes na opinião publicada, quer tenham sido recentemente condecorados ou não, tem-me deixado atónito e, até, indignado. Nos últimos 10 anos este país andou para trás. Qualquer que seja a questão nacional escolhida (Educação, Saúde, Justiça, Economia, Finanças Públicas, Desemprego, Cidadania, respeito pelas liberdades fundamentais, Agricultura, Indústria, Ordenamento do Território, a qualidade de vida dos portugueses, a credibilidade das instituições políticas, a capacidade de auto-regeneração do sistema político, a qualidade dos agentes políticos, o estado de depressão colectiva em que estamos enquanto nação, no fosso de descrença em nós próprios, etc.) o Portugal está muito pior do que há 10 anos. No entanto, nenhuma responsabilidade é assacada ao titular do primeiro órgão de soberania durante esse período - assim, o PR, dito "o primeiro magistrado da nação", fica ilibado de qualquer comprometimento com estes 10 anos negros em que estivemos. Ou seja, pela voz dos seus próprios aduladores nesta tentativa forçada de justificação e desculpabilização, o cargo de PR não faz qualquer diferença, não conta nem para o bem nem para o mal neste país.
Paradoxalmente, o esforço hercúleo de ilibação acaba por comprovar a desnecessidade da figura - se o que aconteceu de mal neste país (e muito foi) não teve a influência do PR, então, para que é que este serve?
Mais do que nunca, após 10 anos de Jorge Sampaio, e face ao juízo que dele fazem os cronistas da Corte, deve perguntar-se qual a utilidade do cargo de Presidente da República? Qual é o seu verdadeiro papel (para além dos ditames genéricos gizados na CRP), qual a sua utilidade na democracia portuguesa, face à natural preponderância do Chefe do Governo?
Depois dos panegíricos que tenho ouvido e lido por todo o lado, nesta compulsividade de maneirismos de Corte que canta loas em uníssono neste final de mandato, considero que o contributo do actual titular do cargo para se alcançar uma resposta é assinalável: graças à actuação de Jorge Sampaio percebemos que o Presidente da República serve para muito pouco! É o Presidente da República um mero distribuidor de alguns cargos e muitas duvidosas honras?
Não existiram causas, momentos, intervenções de vulto. Mesmo em relação a Timor, Sampaio e Guterres atropelavam-se, repetiam-se, nenhum deles parecendo saber qual o seu lugar; chegaram a ser confundidos na imprensa internacional. Ou seja, este é talvez o cargo público onde se torna mais perceptível a directa relação entre a dimensão do cargo e a daquele que o exerce. Ora, por mais esforços que faça, não me é possível recordar uma única questão nacional onde o Presidente Sampaio tivesse dado um contributo decisivo - o desfecho da crise santanista foi um arremedo típico de quem é fraco e indeciso.
Calado no que era essencial, inconsequentemente verboso no que era acessório, Sampaio foi durante 10 anos apagado, passivo e cúmplice. Sampaio maximizou o conhecido adágio camoniano: "Fraco Rei que faz fraca a forte gente". Se quiseres encontrar na história algum émulo da figura sampaísta, a tarefa não será muito difícil: desde Carlos I de Inglaterra, a Luís XVI de França até ao imperador dos aztecas, Montezuma - todos eles considerados pessoas de bom trato, com algumas boas intenções mas a quem faltaram condições objectivas e, sobretudo, subjectivas para levarem avante as suas intenções.
Sampaio representou mais do que ele próprio - personificou, impressivamente, um certo timbre agridoce da mediocridade nacional. Mais do que isso: Sampaio tornou-se num paradigma de uma certa geração de esquerda que largou os ideais da adolescência volitivamente retardada e se mascarou com as matizes caducas de um sistema que tinha jurado combater. É que, ao contrário de Guterres e de Sócrates, Sampaio é um verdadeiro homem de esquerda.
Por outro lado, é inevitável constatar que nesta espantosa sucessão de elogios por parte dos escribas do sistema (que não me parece coincidir exactamente com a opinião que percebo nas pessoas comuns, como se pôde ouvir, por exemplo, num Fórum TSF dedicado ao assunto), há, entre outras coisas mais inconfessáveis, uma atitude muito nossa: quando alguém morre, nem que tenha sido o pior possível em vida, passa automaticamente a ser um companheiro saudoso e "porreiro".
A ideia contemporânea de Participação vive da possibilidade dos cidadãos poderem influir efectivamente nas decisões que vão afectar as suas vidas - o que acarreta responsabilização dos dois lados. A recusa da "procuração temporariamente irrevogável" em que se transfere a total responsabilidade da governação para os órgãos eleitos, directa ou indirectamente, podendo estes fazer quase tudo aquilo que não for manifestamente ilegal - e, demasiadas vezes, o disparate não o é;
Uma ideia de cidadania atenta, responsável e explicável, tem como reverso desejável uma governação transparente e accountable, mas a tradição governativa nacional (e, também, de liderança política) é a irresponsabilidade (não prestar contas das opções tomadas) como regra pacata e inquestionável da nossa governação.
Só pode haver Democracia Participativa se os cidadãos pressentirem que os seus líderes políticos podem ser responsabilizados pelas suas opções. A não ser assim, esvai-se o interesse, esgota-se a participação (transformada num seco ritual formal) e perde-se o sentido moderno de cidadania. Seria bom para a saúde da nossa democracia que as pessoas tivessem consciência do que se passou nos últimos 10 anos, do sacrifício que se está a impor a mais do que uma geração e que isto tem culpados, gente de carne e osso, com rosto e com nome que pode e deve ser responsabilizada politicamente. Mas, em vez disso, envolvem-se os culpados num manto nebuloso de nacional-porreirismo em que "no fundo, não vale a pena fazer nada" ou "exagerar" porque fulano "até é bom homem".
Lembras-te da cumplicidade clara de Sampaio no descalabro guterrista? E da duplicidade de critérios entre as suas inexistentes censuras nos tempos calamitosos de Pina Moura e os "recados" parciais e contraditórios a Manuela Ferreira Leite – aquela coisa do "Há vida para além do défice"?
Na dissolução da AR, tivemos o paradoxo de um Governo que parecia ser mau em tudo menos na elaboração do Orçamento (qual era o problema de vivermos mais 3 meses em duodécimos?), o argumento que esteve por detrás das eleições. Então e a complacência temerosa de Sampaio com a actuação e com os desmandos roncantes do Presidente do Gov. Regional da Madeira? Já ninguém se lembra? Ou a sua inacção na questão da ratificação da constituição europeia junto dos cidadãos - o pouco que tentou fazer foi inconsequente? Apareceu fora do tempo e em tom panfletário (e não pedagógico) a apelar a um dos lados da contenda a propósito da CE - mas não vi a presidência a patrocinar debates e o esclarecimento que era essencial (ao contrário da AR e das universidades), talvez a primeira prioridade da nossa política externa.
Jorge Sampaio comportou-se como um Presidente do Conselho Fiscal do Formalismo Constitucional (e se era só isso que ele queria ser, saiu caro demais ao erário público).Tudo piorava e ele discursava inocuamente, constantemente sem nada acontecer. Foi o presidente dos apelos à "Serenidade" - que na versão sampaísta rima bastante com "bovinidade", uma constante solicitação para uma atitude contemplativa perante a realidade, quase um estado geral de letargia ruminante.
E, serenamente, durante estes 10 anos, o país afundou-se, tornou-se descrente, medroso, incerto e derradeiro - mas sempre com muita "Serenidade". Embalado no discurso soporífero da «Serenidade» o nosso colectivo esvaiu-se.
Devemos recordá-lo, sim, apenas para o desmentir e para não esquecer o que fez e tentar fazer diferente daqui para a frente, ultrapassar este mau momento e enfrentar o futuro com uma atitude situada nos antípodas daquilo que Jorge Sampaio faria.
O estado a que chegou este País deve-se ao facto de já ninguém ser capaz de se revoltar a valer. Já o rei D. Carlos dizia que Portugal é um país de bananas governado por sacanas (...) e não se enganava assim muito, neste dito que permanece actual… A maior parte dos tótos que escrevem para jornais ou blogs limita-se a ladrar à lua, sem qualquer vontade real de abanar o que quer que seja… Pensam numa coisa, escrevem sobre ela, normalmente debitando opiniões que não passam de mantas feitas de retalhos merdosos e pouco originais de coisas que se leram aqui e acolá e que confirmam preconceitos (encarados pelos próprios como posições informadas).
E depois? Olham-se ao espelho cheios de si, por não ter mais nada que fazer...
Só que a luta por causas acabou, todos têm as suas agendas e na graxa que os pequeninos querem dar ao poder, esquecem que nunca fomos tantos e tão serenos – Bananas!

10/3/06 11:35  
Blogger Unknown said...

Obrigado pelo tua colaboração Rodrigo. Gostei de ler o teu texto.
Também acho que com Sampaio, Portugal ficou mais banana !
Banana e lamechas !
Um abraço.

10/3/06 21:21  

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