sexta-feira, dezembro 16, 2005

Presidenciais

Está na altura de falar do tema quente do momento, as eleições presidenciais.
Aqui vai a minha opinião sobre cada um dos candidatos:
--Cavaco Silva : Um nome do passado, repescado para o presente e apresentado como o salvador da pátria, uma espécie de D. Sebastião, para nos salvar do nevoeiro económico, que nos asfixia. Na realidade um dos culpados pela situação actual, já que apostou num modelo económico, que agora faliu e que se baseava na mão de obra barata (e sem qualificação) e no betão, com auto-estradas e infra-estruturas com fartura, mas desleixando o conhecimento e a formação, que hoje tanta falta nos fazem. Representa uma mentalidade de merceeiro, que nada de novo irá trazer a Portugal.
--Mário Soares: Um ex-rei, agora sem trono, que vivia triste e enfadado, com saudades das luzes da ribalta e das palmadinhas nas costas. O homem que dividiu a esquerda, por causa de um capricho. Um dos maiores responsáveis pela situação que actualmente temos, um dos homens mais poderosos de Portugal, que conseguiu esconder habilmente alguns telhados de vidro do passado (nunca percebi lá muito bem o seu apoio ao sanguinário Savimbi, terá sido uma questão de diamantes ?). Apetece até perguntar: Se há uma idade mínima para os candidatos (35 anos), porque razão não há também uma idade máxima ? A questão parece-me importante porque pode dar ao homem algum ataque de senilidade, ou de Alzeimer … e depois como seria ?
--Manuel Alegre: Um poeta, que se candidatou para vingar uma desfeita (a do seu partido e do seu grande amigo Mário Soares). Um homem que não traz nada de novo ao país, que iria certamente elaborar uns bonitos discursos (ainda melhores que os do anterior poeta Sampaio), fazer umas boas presidências abertas, repletas de preocupações e palavras bonitas … mas mais nada !
--Jerónimo de Sousa: A nova vitamina do PC, um homem simpático e bem disposto, que se podia convidar para um belo churrasco, ou outra qualquer festa popular. Teve o mérito de travar a queda do partido, após uma década de cassete Carvalhas, chato, monocórdico e cinzento. No entanto, falta ali qualquer coisa (apesar de alguns avanços consideráveis, em relação ao estalinismo de Cunhal) e o que falta é a alternativa de sociedade, após a queda do muro de Berlim, ter deitado por terra a tese dos “paraísos” socialistas (afinal de contas ditaduras ferozes e sanguinárias). Note-se por exemplo o conservadorismo moral ainda existente, quando se afirma contrário á legalização da prostituição.
--Francisco Louça: A “alma” da nova esquerda. Um político brilhante, acutilante e eficaz. Um professor universitário, que consegue falar claro, de uma forma que todos entendem. Um antigo revolucionário de extrema esquerda, que soube evoluir e adaptar-se ao mundo e á sociedade que temos. Um homem simpático e inteligente, muito activo e dinâmico e que não é refém de interesses corporativos, de grandes empresas, ou de construtores civis. Aprecio o seu estilo e é nele que eu vou votar !

Para terminar, gostaria aqui de deixar um apelo ao voto. Eu sei que estamos todos fartos da política e dos políticos que temos. Andam por aí muitos fantasmas do passado, que apregoam que dantes é que era bom e que as eleições não servem para nada. Este é o espírito da ditadura, que nos governou durante décadas.
Não podemos deixar que ela volte !!! E é isso que aconteceria, se todos nos demitíssemos e ninguém fosse votar !.... Por isso, se não gosta mesmo nada de nenhum dos cinco candidatos, não se esqueça de que tem ainda um sexto: o voto em branco.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Viva João
Estou danado! Ontem passei a noite a blogar contigo - escrevi um testamento, enorme, para aí o dobro do teu post... E não é que ,me engano no botão e faço preview e fecho!? Perdi tudo! Privo-te, assim, da minha modesta opinião sobre estes assuntos, que não tenho coragem de repetir a coisa. No entamto, só alertar para o seguinte: eu sou daqueles que desde há décadas acho que um aeroporto no meio da cidade é uma merda. Para além da poluição sonora (no meu ofício sei bem do que falo, pois tenho de interromper momentaneamente aulas, várias vezes ao dia, à conta dos aviões) há ainda a sorte de nunca ter aterrado nenhum no hospital de Santa Maria ou na 2ª Circular. Montijo ou Alverca são também zonas residenciais, pelo que não seriam boas alternativas. A Ota parece-me bem, desde que haja decência nos concursos e no controle da despesa, para evitar as já costumeiras derrapagens orçamentais. Para além do mais vai potenciar acessibilidades e novas centralidades na Estremadura. Espero que seja como em Heathrow (ou Gatwick, já não me recordo...): sai-se para o grande hall da gare e há uma escadaria para o comboio que, em cerca de meia hora nos põe no centro de Londres. Que é mau momento para gastar dinheiro? Que diria Lord Keynes? Acho que está na moda dizer mal de tudo o que fazem os governos, mas por mim, acho que acabar com o aeroporto na Portela corresponde a um anseio ecológico antigo. Espero que os terrenos não caiam nas garras dos especuladores e dos gatunos das imobiliárias mas que sejam usados para a instalação de equipamentos de saúde, educação ou lazer.
Um abraço
C.Marley

18/12/05 00:30  
Blogger Unknown said...

Olá Chico
Registo a tua opinião sobre a Ota e o aeroporto da Portela, mas continuo a não concordar. É inegával que há poluição sonora, mas para mim que vivo na província, Lisboa é toda ela uma enorme poluição sonora, seja ela causada por comboios, por um trânsito infernal, ou por obras infindáveis, que não respeitam horários, nem pessoas.
Questionei o enorme gasto de recursos, num país que não é rico e onde há tantos outros sectores mais importantes a necessitar de grandes verbas. Além disso Portugal, não é só Lisboa !!!
Quanto á utilização dos terrenos da Portela, ela só pode ser a especulação imobiliária. Se eu me enganar, prometo que te pago um jantar. De qualquer forma, obrigado pela tua colaboração neste meu blog. É normal e até saudável, que haja diferentes opiniões. Um abraço.

19/12/05 12:30  

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